100 anos da insulina: descoberta que reescreveu a história do diabetes e de muitas vidas

Hormônio tem a função de controlar o nível de glicose no sangue

Existem datas significativas ao longo dos tempos que mudaram completamente a trajetória da humanidade, seja no campo social, político ou científico. No último dia 27 de julho, o mundo recordou uma delas: há exatamente 100 anos, a vida de milhões de pessoas seria transformada por uma das descobertas mais importantes da ciência: a insulina.

Este hormônio tem a função de controlar o nível de glicose no sangue, tornando-se fundamental no tratamento do diabetes, doença crônica marcada pelo alto nível de açúcar no sangue (hiperglicemia).

Arquivo pessoal

Segundo a endocrinologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr.ª Adriana Lúcia Mendes, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o diabetes é uma doença bastante antiga. “Seus primeiros relatos datam de 1550 a.C., em um documento encontrado no século XIX. Neste papiro, é mencionada uma doença caracterizada por uma importante perda de peso, muita sede, urina em abundância e fome intensa. Também observaram que a urina destas pessoas atraia formigas, mas não sabiam dizer o porquê”.

Somente no final dos anos 1800 é que esta enfermidade foi atribuída à falta da insulina e, a partir disso, iniciou-se a busca por um tratamento eficaz, com a aplicação de várias formas de tratamento. “Alguns prescreviam medicamentos, dietas específicas e até mesmo cerveja, mas era tudo em vão; essa doença era muito difícil de ser tratada e de manter as pessoas vivas”, conta Dr.ª Adriana.

Porém, esta historia mudou drasticamente em 1921, quando os médicos Charles Best, Frederick Banting, John James Mcleod e o bioquímico James Collip descobriram e isolaram a insulina, Já no ano seguinte, aplicaram o hormônio e salvaram a vida de um jovem com diabetes. A descoberta rendeu a seus patronos o Prêmio Nobel em 1923 e suscitou outras mudanças no tratamento da doença e na salvação de milhões de vidas.

Dr.ª Adriana reforça a importância do avanço da tecnologia em prol da qualidade de vida dos diabéticos. “A tecnologia trouxe formas diferentes de se aplicar a insulina, com agulhas menos dolorosas, canetas que facilitam a aplicação e dispositivos que tentam imitar a função do pâncreas, como bomba de insulina e pâncreas artificial”.

Mesmo com estes avanços e benefícios, a endocrinologista alerta que o diabetes ainda é uma doença negligenciada por muitas pessoas. “Somente a informação e conscientização a respeito do diabetes podem ajudar as pessoas a terem um diagnóstico precoce e um tratamento digno”, encerra.