Joaninha. Para muitas pessoas, é somente um inseto conhecido por sua coloração vermelha com bolinhas pretas. Para a Personagem HC desta semana, se tornou a representação de uma missão de vida.
Adriana Viriato Godoy trabalha no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) há 9 anos e, desde 2019, é Diretora do Departamento de Gestão de Pessoas. Mas não é de hoje que servir o ser humano faz parte de sua rotina. “Desde quando nasci, o sentimento de estar à disposição das pessoas sempre esteve comigo, graças a Deus e à formação que tive de meus pais. Comecei a trabalhar aos 9 anos para ajudar em casa e me inspirava na minha irmã (hoje já falecida), que trabalhou por 30 anos aqui no HC, e sempre dizia que, um dia, seria como ela”.
Ao longo da vida, diversas situações surgiram para Adriana e um lema ficava cada vez mais claro em seu coração: fazer o bem sem olhar a quem. Mas como esta frase poderia se tornar real em seu cotidiano? Adriana relata que o convite de uma amiga transformou a sua vida. “Eu via os Doutores da Alegria quando era pequena e, ao longo do tempo, este trabalho sempre me encantava. Há 7 anos, uma amiga me convidou para participar de um projeto de visitas ao HC. Sempre pedia a Deus para que fosse um instrumento de bem e de paz para as pessoas, e eu me encontrei nesta missão”.
Na primeira reunião depois do convite, Adriana soube que precisava escolher um nome para atuar como Doutora da Alegria. A dúvida persistiu por alguns dias até que um nariz diferente de palhaço a encantou. Nascia, ali, a Dr.ª Joaninha, escolha que, para a servidora, carrega uma simbologia especial. “Sempre achei este inseto muito bonito e descobri que as joaninhas ficaram conhecidas, na Idade Média, como ‘besouros de Nossa Senhora’, porque apareciam depois de os agricultores pedirem ajuda à Virgem Maria, de quem sou muito devota”.
A partir deste momento, foram centenas de visitas a leitos, seja sozinha ou com grupos de voluntários, e Adriana elencou dois momentos que marcaram esta missão. “Há quase 5 anos, minha mãe faleceu e eu não queria fazer a visita no sábado seguinte. Por fim, eu fui e, já quase indo embora, acabei encontrando uma paciente que era parecida com a minha mãe. Brinquei com ela e consegui segurar o choro. Quando entrei no carro, desabei em lágrimas, mas entendi o porquê precisava estar lá, pois o enfermeiro me contou depois o quanto o momento fez bem àquela senhora. Outro momento marcante foi que, em uma das visitas, encontramos internado aqui o tio do jogador Cristiano Ronaldo, que ficou feliz com a visita. Brincamos e tiramos fotos, que chegaram inclusive até ao jogador, que agradeceu o nosso gesto”.
As diversas colorações da Dr.ª Joaninha
Assim como as joaninhas podem ter várias cores, a missão de Adriana como Doutora da Alegria não se resume às visitas aos leitos. “Em cada visita, tento fazer com que o paciente se sinta tão importante e acolhido que esqueça, por um momento, que está dentro de um Hospital. Mas a vida de um Doutor da Alegria não é somente sorrisos: às vezes, quando estou indo embora, vejo pessoas que acabaram de receber a notícia do falecimento de um ente querido e, então, entrego o meu abraço para dizer que elas não estão sozinhas”.
Outra missão da Dr.ª Joaninha é participar de eventos pontuais dentro e fora do HCFMB, como o Ilumina HC, o McDia Feliz e até durante os dias de vacinação em massa contra a Covid-19. “Quando fui voluntária na 1ª dose sem estar no personagem, percebi que algumas pessoas estavam nervosas com a vacina. Na 2ª dose, em agosto, tive a ideia de ir como Dr.ª Joaninha. Pedi autorização para o pessoal do Cartório e foi muito bom. Na vacinação dos adolescentes, como tenho filhos nesta faixa etária e via o nervosismo deles, pedi novamente para ser voluntária e o resultado foi bem positivo”.
Com a pandemia, assim como as joaninhas se adaptam a vários habitats, Adriana teve que se reinventar para dar continuidade à missão da Dr.ª Joaninha, realizando cursos de contação de histórias e chamadas de vídeo para os pacientes, com poucas intervenções nos leitos. Mesmo com as limitações deste tempo, para Adriana, a missão precisa continuar. “Quando coloco a minha roupa de Dr.ª Joaninha, me transporto para um mundo de emoções, sentimentos e troca de energias, em que me entrego ainda mais para o próximo”, encerra.
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