Dizem os poetas que os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo. Além desta definição lírica, este órgão do corpo humano pode sinalizar que algo não está bem em relação à saúde, principalmente das crianças. Na próxima segunda-feira, 18, será lembrado o Dia Nacional de Conscientização do Retinoblastoma, com o objetivo de alertar a sociedade sobre a importância da detecção precoce deste tipo de câncer infantojuvenil.
Considerada uma lesão maligna rara originária das células da retina (parte do olho responsável pela visão), o retinoblastoma pode afetar um ou ambos os olhos. De acordo com a médica oncologista pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Drª Débora Garcia Gasperini, uma simples fotografia pode contribuir para a descoberta desta doença, considerada rara entre as crianças.
“Os pais e responsáveis precisam ficar atentos ao sinal do “olho de gato” (perda do reflexo vermelho do olho), quando a pupila pode apresentar uma área branca e opaca no contato com o reflexo da luz, sendo facilmente visível em fotos tiradas com flash. A alteração na posição dos olhos é outro sinal de alerta, como o desvio ocular (estrabismo) ou tremor”.
A partir da detecção destes sinais, a criança deve ser levada ao oftalmologista para um exame completo. O diagnóstico é feito por vários exames, começando pelo exame de fundo de olho. A seguir, podem ser solicitadas ultrassonografias do globo ocular e ressonância magnética das órbitas oculares.
Dr.ª Débora ressalta que, além dos procedimentos específicos, há um exame que pode ser feito por qualquer médico, contribuindo para a detecção do retinoblastoma ainda nos primeiros dias de vida do bebê: o Teste do Reflexo Vermelho ou Teste do Olhinho, também realizado para identificar outras alterações oculares, como glaucoma ou catarata congênita, por exemplo. “Vale lembrar que a criança pode apresentar teste do olhinho normal e desenvolver a doença posteriormente ou ainda possuir um tumor muito pequeno e não visível ao rastreamento. Por isso, é importante repetir o exame regularmente na primeira infância”.
Se houver qualquer alteração no reflexo vermelho, é necessário procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima para atendimento primário e a solicitação de novos testes. Caso haja alteração, a criança será encaminhada para confirmação diagnóstica com um especialista e para tratamento quando necessário.
Dr.ª Manuella Pacifico de Freitas Segredo, médica oncologista do HCFMB, destaca a importância do diagnóstico precoce para casos como o do retinoblastoma. “Se detectado rapidamente e tratado em centros especializados, os índices de cura podem alcançar os 90%. Por isso, conhecer os principais sinais e sintomas que facilitam o diagnóstico precoce pode aumentar a possibilidade de cura, não só para o retinoblastoma, como também para todos os outros cânceres infantojuvenis”.
O HCFMB está participando da Campanha Nacional “De Olho nos Olhinhos”, criada para conscientizar familiares e profissionais de Saúde sobre como identificar os sinais e sintomas de forma precoce. Para saber mais como reconhecer os sinais e sintomas do câncer que acomete crianças pequenas, acesse a Cartilha Retinoblastoma, produzida pelos especialistas Carla Renata Pacheco Donato Macedo e Luiz Fernando Teixeira, com a colaboração da jornalista Daiana Garbin Leifert.
A Campanha tem o apoio médico e científico de entidades médicas como a Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), dentre outras.
Setembro Dourado volta o olhar da sociedade para o câncer infantojuvenil
Idealizado pela Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (Coniacc), o Setembro Dourado surgiu para informar, conscientizar e chamar a atenção para o câncer infantojuvenil e, principalmente, para a importância do diagnóstico precoce, que aumenta as possibilidades de cura das crianças e adolescentes com câncer.
O câncer infantojuvenil é aquele que se manifesta do nascimento até os 19 anos de idade, sendo a primeira causa de morte por doença nessa faixa etária. “Os tipos de câncer mais comuns entre crianças e jovens são as leucemias, os tumores no Sistema Nervoso Central e os linfomas. Os sinais do câncer infantojuvenil, normalmente, são imprecisos e comuns a doenças muito mais frequentes na Pediatria. Por isso, caso os sintomas persistam, é necessário retornar ao médico, para ampliar a investigação”, conclui Dr.ª Manuella.
O HCFMB oferece serviço de referência para o tratamento de Oncologia Pediátrica desde 2007, atendendo crianças e adolescentes com câncer, provenientes de todo o Pólo Cuesta.
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