No dia 30 de novembro, o Serviço de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) realizou o primeiro procedimento com o Crosslinking, aparelho utilizado para tratamento cirúrgico do Ceratocone, doença degenerativa dos olhos.
O equipamento foi doado ao Serviço Hospitalar por meio dos idealizadores do Projeto “Calorias que Somam”, Clarita Balestrin e Raphael Martignoni. Durante cinco dias no mês de outubro, os atletas pedalaram de Aparecida do Norte a Botucatu percorrendo uma distância de mais de 400 km.
Conforme os atletas realizavam o percurso, as doações em dinheiro foram sendo feitas, pela internet, por empresas e pessoas físicas que apoiam a causa. A meta era atingir R$ 65 mil (custo do equipamento) e a arrecadação atingiu mais de R$ 70 mil. O valor remanescente foi utilizado para compra de equipamentos complementares que foram doados ao SAMU (torniquetes, bolsas térmicas, etc).
Para Clarita Balestrin, a entrega do Crosslinking se converte num sentimento de gratidão diante do alcance assistencial para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando incentivamos a doação, pensamos num futuro sem ter a dimensão exata do impacto disso na vida do paciente e do HCFMB”, diz.
“Mesmo com estas pequenas ações podemos melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas”, lembra Raphael Martignoni. Para ele, a entrega do equipamento é um marco para o “Projeto Calorias que Somam”.
O médico oftalmologista do HCFMB, Dr. Alvio Issao Shiguematsu, disse que o Crosslinking contribuirá com o atendimento de pacientes que aguardam a realização do procedimento. Segundo ele, mais de 50 casos serão reavaliados para saber se permanecem com a indicação cirúrgica.
Sobre a técnica
A cirurgia é minimamente invasiva e pode ser feita apenas com anestesia tópica, por meio do uso de colírios anestésicos. O procedimento dura em torno de uma hora e o paciente recebe alta imediatamente, sem necessidade de internação, repouso ou jejum.
A técnica consiste na aplicação de um colírio especial à base de riboflavina (vitamina B2), que, posteriormente, é ativado por um feixe de luz ultravioleta. Isso estimula a contração e a união das fibras de colágeno, o que aumenta a resistência da córnea e reforça sua estrutura. Dessa forma, é possível minimizar consideravelmente as chances de progressão do ceratocone e retardar sua evolução, com possibilidade de estagná-lo.
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