Mortes por dengue ocorrem por falta de identificação dos sinais de alarme da doença

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a gravidade da dengue em quatro categorias: A, B, C e D. De acordo com a classificação, que é feita pelo médico, é possível direcionar o paciente para o tratamento mais apropriado.

O médico infectologista e diretor da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB|Unesp), professor Carlos Magno C. B. Fortaleza, explica que o indivíduo que se enquadra no grupo A, após receber avaliação, pode ir para casa. O paciente classificado no grupo B “precisa receber uma hidratação vigorosa, ir para a casa e ser acompanhado diariamente na Unidade Básica de Saúde (UBS). Os do grupo C têm indicação de internação e o indivíduo do grupo D tem indicação de UTI”, explica o docente.

Para o manejo apropriado do paciente com dengue, os profissionais de saúde devem se atentar para os sinais de alarme, pois, segundo o professor Fortaleza, eles apontarão para uma gravidade do caso, o que exige “internação e hidratação vigorosa por, no mínimo, 48 horas”, lembra o docente.

Os sintomas de alarme da dengue são: dor abdominal intensa (referida ou à palpação), vômitos persistentes, ascite, derrame pleural ou pericárdico, hipotensão postural ou lipotímia, letargia ou irritabilidade, hepatomegalia maior que 2cm abaixo do rebordo (fígado crescido), sangramento de mucosa, aumento do hematócrito ou queda de plaquetas, redução da diurese e hipotermia.

O médico infectologista e diretor da FMB|Unesp, Dr. Carlos Magno C. B. Fortaleza

“A dengue faz com que os vasos sanguíneos fiquem permeáveis, semelhante a uma peneira. Há vazamento de líquidos destes vasos nos tecidos ao redor, com isso a pressão cai e o sangue não chega aos órgãos nobres e o paciente pode vir a óbito por falha de múltiplos órgãos”, frisa professor Fortaleza.

Ainda de acordo com o especialista, 95% das mortes por dengue são evitáveis quando existe a identificação correta dos sinais da gravidade do problema e hidratação adequada dos pacientes.

Prevenção

Elimine os criadouros! Vasos de plantas, vazamentos em pias e demais locais potenciais para o acúmulo de água parada que apresentam alto risco de reprodução do mosquito. Especialmente no verão, o cuidado precisa ser maior devido ao aumento de temperaturas e forte incidência de chuvas.

Equipe em campo no combate a dengue em Botucatu (Créditos: Prefeitura Municipal de Botucatu)

Dengue no Estado

Até o dia 17 de janeiro, foram confirmados 4.087 mil casos de dengue, distribuídos em 204 municípios. Em relação à Chikungunya, há 61 casos confirmados, em 6 cidades. Não há registro de óbitos para as doenças em São Paulo. O estado também não registrou nenhum caso confirmado de Zika vírus na primeira quinzena do mês.

Em Botucatu, dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde apontam 387 casos confirmados da doença na terça-feira, 23. Até o momento nenhum óbito foi registrado.

A população deve procurar atendimento médico na unidade de saúde mais próxima caso perceba o aparecimento de sintomas como febre alta, dor de cabeça, dor no fundo dos olhos, dores musculares, manchas vermelhas na pele, cansaço e indisposição, pois se houver a suspeita de dengue ou de outra arbovirose (Chikungunya e Zika vírus) o caso será notificado e as ações para quebrar o ciclo de transmissão destas doenças serão desencadeadas oportunamente.