O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) foi credenciado junto ao Ministério da Saúde, e a partir do mês de março/2015, passa a contar com novas tecnologias na área de terapia celular: o Transplante de Medula Óssea (TMO) Autólogo.
A princípio o serviço será realizado na Clínica Médica I e espera-se realizar, de um a dois transplantes por mês. O serviço inicialmente será restrito apenas a adultos, pois as indicações de transplante autólogo para crianças atualmente são muito restritas sendo mais utilizado o Transplante Alogênico, onde se precisa de um doador, seja aparentado ou não.
O Transplante Autólogo é aquele em que em que o doador é o próprio paciente. “Esta é uma terapia que nós vamos usar para consolidar um tratamento. O paciente é inicialmente submetido ao tratamento quimioterápico convencional, recebe a terapia em altas doses e depois a gente devolve as células-tronco pra ele, para que elas proliferem e reestabeleçam a produção normal da medula óssea. Essa é uma estratégia para a gente coletar e guardar a célula-tronco hematopoiética antes de um tratamento mais pesado e devolver essas células depois, como se fosse uma semente para que ela brote de novo”, explica o médico hematologista responsável técnico pelo serviço, Rafael Gaiolla.
“Temos Jaú aqui ao lado, que é um dos grandes centros de TMO do Brasil, mas a demanda de transplantes autólogos no Estado de São Paulo e no Brasil ainda é reprimida. Há muitos pacientes que ainda estão esperando meses para poder ser transplantados porque os serviços estão sobrecarregados. O nosso serviço vai representar uma grande região, que em termos de Diretoria Regional de Saúde (DRS) é diferente da região de Jaú, e que atualmente precisa encaminhar pacientes para outras DRS. Esperamos que mais um serviço de transplante autólogo, independentemente de ter outros grandes, é sempre bem vindo porque ajuda a redistribuir o fluxo estadual e nacional de transplantes”, fala.
Há cerca de cinco anos começaram os estudos para que o HCFMB pudesse ter um serviço deste porte e de encontro com uma demanda maior de transplantes realizados da região, do Estado e do país que acabaram por sobrecarregar os serviços já disponíveis. “Além de muito atraso para pacientes poderem transplantar, há também muita fila, e foi o que motivou a equipe a pensar porque não termos aqui um serviço se a gente tem plenas condições de desenvolvê-lo?! Fomos amadurecendo a idéia, aumentando e capacitando a equipe como forma de prepará-la para que seja possível dar conta do serviço, e hoje, chegamos ao momento desse amadurecimento”, conta.
Com mais este serviço de destaque o HCFMB beneficiará diretamente seus pacientes que não precisam mais ser encaminhados para outros serviços. “Os pacientes terão um tratamento completo, desde a quimioterapia até o transplante, que seria a etapa final, aqui dentro, e, obviamente, o nosso objetivo é tornar o nosso serviço uma referência regional, acho que isso sempre vai trazer ganhos em termos de crescimento”, cita.
Não poderia acontecer um TMO no HCFMB sem a colaboração do Hemocentro que além de dar todo o suporte hemoterápico, realizará o processamento e congelamento da medula óssea. “O processamento é feito todo pelo hemocentro e só sai de lá para ser infundida no paciente”, conclui.
Sobre o Transplante de Medula Óssea
Procedimento terapêutico capaz de reverter o prognóstico de pacientes com doenças benignas e malignas (cânceres), como linfomas, leucemias, tumores sólidos e, até mesmo, doenças autoimunes, o transplante de medula óssea (TMO) consiste na “aspiração” de células-tronco hematopoiéticas da medula óssea que são transferidas do tecido (medula) como um todo ou de células selecionadas do próprio paciente ou de doador compatível, aparentado ou não.
Tipos de TMO e doenças que se beneficiam do tratamento
Hoje o transplante pode ser feito de três formas: autogênico (autólogo), quando a medula ou as células são do próprio transplantado; alogênico, utiliza a medula óssea ou célula-tronco de um doador para um paciente; e o singênico, em que o doador é um irmão gêmeo. 1. Autogênico – é designado a alguns tipos de doenças, principalmente as que não atingem a medula óssea ou em que é possível se separar a célula doente da célula sadia. Nesse caso se retira a medula, a armazena, e se trata o paciente com quimioterapia ou radioterapia para eliminar a doença. Às vezes é necessário também tratar a própria medula óssea que foi retirada para separar as células malignas das células benignas. Indicações: as indicações clássicas dos TMOs autogênico são o mieloma múltiplo, os linfomas, e leucemias mielóides agudas e alguns tumores sólidos. 2. Alogênico – possui duas modalidades: aparentado, quando o doador é irmão totalmente compatível com o paciente; e não-aparentado, ou seja, voluntários sem vínculo sanguíneo com o paciente, inscritos no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (REDOME) ou de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário públicos (BSCUP). Indicações principais: leucemias agudas, tanto a linfoblástica (na qual as células precursoras dos linfócitos tornam-se cancerosas e substituem rapidamente as células normais da medula óssea), quanto a mieloblástica (na qual as células precursoras dos granulócitos tornam-se cancerosas e, também, rapidamente substituem as células normais na medula óssea).
Fonte: Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea
Mariana Andrade – Assessoria de Imprensa HCFMB
Comentários