Relato pela sobrevivência no HCFMB

“Estava com um pé na vida e outro na morte”, lembra paciente do HCFMB que sobreviveu após três cirurgias.
Valquiria (a direita) celebra a vida ao lado da família após graves problemas de saúde

 “A senhora tem condições de pegar suas coisas e vir pra cá agora?” Foi esta frase ouvida pelo telefone que mudou a vida de Valquiria Aparecida Soares, de 56 anos. Após descobrir um câncer de colorretal, ela realizou a primeira cirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp (HCFMB) em março de 2022.

 A ligação recebida pela paciente veio da Ouvidoria do Hospital e chegou em um momento crucial para o tratamento da doença de Valquiria. “Eu tinha muita cólica e não conseguia evacuar; estava há meses nesse processo”, lembra.

Natural de Carapicuíba e hoje morando em Boituva, Valquiria sempre foi uma mulher saudável. Comerciante de profissão, ela descobriu o tumor em uma consulta particular no início de 2022 e, desde então, iniciou um processo de enfrentamento da doença.

Atendimento no SUS

Em maio de 2021, teve início a saga de Valquiria. A constipação começou neste período e, até conseguir realizar os primeiros procedimentos, foram dez meses. “Entre os primeiros sintomas até a primeira cirurgia, retirada do tumor e inserção da bolsa de colostomia, foram meses de muitas dificuldades”, relembra a paciente.

Mas o que parecia ser o fim de um capítulo ganhou novos episódios. Após a cirurgia, alta hospitalar e a retirada dos pontos, Valquiria voltou a ter problemas. Desta vez, uma fístula colovaginal.

Em virtude desta ocorrência, Valquiria precisou retornar ao HCFMB e ser submetida a um novo procedimento cirúrgico para corrigir o problema, o que impactou também no local da primeira cirurgia. “Foi justamente no dia do meu aniversário, em 6 de abril. Saí do Centro Cirúrgico com a bolsa de colostomia, lembra.

Valquiria Aparecida Soares

Após o segundo procedimento cirúrgico, Valquiria enfrentou mais uma etapa de internação e recuperação. Na ocasião, chegou a 40 kg de massa corporal. “Fiquei cinco meses com a bolsinha”, recorda.

Sua terceira cirurgia foi a retirada da bolsa. “A equipe médica havia me alertado sobre a possibilidade de eu ter de conviver pra sempre com a bolsinha, mas tinha fé que não precisaria mais dela”, relembra Valquiria.

Em agosto de 2022, Valquiria retornou ao Centro Cirúrgico e, com todo suporte da equipe de gastroenterologia e enfermagem, conseguiu realizar a retirada da bolsa. Ao fim desse processo, foi considerada curada, e não precisou de procedimentos como quimioterapia e radioterapia para complementar o tratamento.

“Sou muito grata a toda equipe do HCFMB. A equipe multiprofissional que me atendeu foi muito atenciosa e prestativa, incluindo a Ouvidoria e limpeza hospitalar. Isso foi fundamental para minha recuperação”, afirma Valquiria.

Vocação para o cuidado

Após enfrentar as dificuldades impostas pela doença, Valquiria descobriu uma vocação. “Estou fazendo um curso de cuidadores de idosos e comecei a trabalhar de forma voluntária aqui em Boituva”, diz.

Atualmente, recuperada do problema de saúde, Valquiria tem se dedicado a ajudar uma mulher com diabetes que está em processo de perda da visão. “Ela é sozinha e ajudá-la tem sido um aprendizado, um presente que Deus me deu”, frisa.

Questionada se os cuidados recebidos por ela no HCFMB influenciaram em sua decisão de realizar o curso de cuidadores de idosos, ela pontua. “Foi no Hospital que percebi que eu poderia ser útil para outras pessoas”, finaliza.

Valquiria (a esquerda) realiza trabalho voluntário com idosa em Boituva