Entra ano, sai ano e uma das doenças que continuam a causar transtornos em todo o Brasil é a dengue, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, quando ela está contaminada.
Dados recentes do Ministério da Saúde destacaram que, em 2024, mais de 6 mil pessoas faleceram em virtude da doença, número 400% maior do que o registrado no ano anterior, e mais de 6,6 milhões de casos foram contabilizados. Em 2024, houve 42.416 casos confirmados de dengue nas cidades que compõem o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) XVI, com 32 mortes.
Mas por que há esta elevação de diagnósticos e óbitos em anos específicos e o que se pode fazer para evitar a proliferação desta doença? Por que, em algumas cidades, há muito mais casos do que em outras?
Segundo a infectologista e coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp (HCFMB), Letícia Lastória Kurozawa, esta variação acontece por conta do ciclo da doença, do nível de infestação vetorial, dos sorotipos circulantes e das condições climáticas. “Outro ponto a ser considerado é que temos vários sorotipos circulando ao mesmo tempo, o que faz com que tenhamos um grande número de pessoas suscetíveis, além do principal agravante que são as alterações climáticas, com o aumento da temperatura em todo o país e o aumento das chuvas”.
Para evitar o aumento de casos da dengue, além da eliminação de possíveis criadouros do Aedes aegypti, começaram a surgir algumas formas de imunização, com o intuito de prevenir a doença. “No momento, temos disponíveis no país duas vacinas: a Dengvaxia® (Sanofi), indicada para pessoas de 6 a 45 anos de idade que já foram previamente infectadas pelo vírus da dengue, e a QDenga® (Takeda), indicada para pessoas de 4 a 60 anos de idade. Estamos aguardando a liberação da vacina Butantan-DV, que é a primeira vacina contra dengue em dose única”, relata Letícia.
A especialista reforça que, enquanto as vacinas não são amplamente distribuídas, a melhor forma de prevenção da dengue é eliminar os criadouros do Aedes aegypti, não deixando água parada em vasos de plantas, caixas d’água, calhas e em outros locais potenciais para a reprodução do mosquito, e o diagnóstico correto e precoce também faz toda a diferença. “Com ondas intensas de calor, altos volumes de chuva e proliferação do Aedes, haverá aumento importante nos casos de dengue em 2025. Por isso, a prevenção é fundamental. É importante também procurar atendimento médico assim que surgirem os sintomas de dengue, para que se tenha o diagnóstico correto e o tratamento adequado”, encerra.
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