Na semana de 1 a 7 de julho deste ano o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), o nosso HC, completa 50 anos de existência. Coube a mim, como atual Superintendente, a honra de conduzir esta festa.
Mesmo ainda jovem, nosso HC tem muitas histórias para contar. O antigo prédio que um dia abrigaria pacientes com tuberculose transformou-se, em 1963, na sede da antiga Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB) e, conduzido por nossos professores pioneiros, iniciou atendimento médico em 1967. No dia 7 de julho deste mesmo ano, o primeiro paciente foi internado, data que consolidou-se como aniversário do hospital.
Daquele dia em diante nosso HC não parou de crescer, atravessando momentos de crises e resistindo a todas, como um típico brasileiro. Passou pelo triste período da ditadura militar, inspirou a fundamental “operação andarilho”, que permitiu sua sobrevida, acompanhou a redemocratização do país, participou de todos os movimentos históricos que o Brasil viveu nos últimos anos e ajudou Botucatu e nossa região a crescer. Em 2010, transformou-se em uma Autarquia do Estado, ou seja, deixou de ser financiado pela UNESP e pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), tornando-se um Hospital mantido pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo, o que possibilitou maior capacidade de crescimento, mantendo seu elo histórico com a FMB através do ensino e da pesquisa. Hoje é um jovem em mais uma crise, exatamente como acontece com o Brasil, mas com todas as condições de superá-la.
Talvez por ser um grande Hospital em uma cidade média do interior de São Paulo, seus números são assustadores. Temos, em nosso corpo clínico extremamente qualificado, mais de 800 médicos, sendo metade deles residentes de todas especialidades e outros tantos docentes de medicina ou médicos experientes. Além disso, somos auxiliados por mais de três mil funcionários, e utilizamos quase 500 leitos, dos quais mais de 50 são destinados à terapia intensiva (UTI) para atendimentos de adultos e crianças.
Em 2016 fornecemos mais de um milhão de refeições, realizamos mais de 570 mil consultas ambulatoriais, quase dois milhões de exames laboratoriais, 145 mil exames de imagem, 15 mil cirurgias; 2.300 partos, 315 mil consultas de urgência e emergência, 30 mil internações, 34 mil sessões de hemodiálise e mais de 60 mil procedimentos oncológicos, entre outros. Por nossos consultórios, corredores e enfermarias transitam cerca de sete mil pessoas por dia. Atendemos pacientes de toda região da Diretoria Regional de Saúde VI (DRS-VI) com sede em Bauru, que conta com 68 municípios e uma população de mais de 1,5 milhão de habitantes.
Além disso, recebemos pacientes de todas regiões do Estado de São Paulo e do Brasil. Somos referência nacional em transplante de órgãos, principalmente renal, diálise e atendimento ao paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nos últimos anos, nos tornamos o “complexo autárquico HCFMB”, agregando duas novas unidades: o Hospital Estadual de Botucatu (HEBo), destinado ao atendimento cirúrgico menos complexo e atualmente abrigando também nossa oncologia e o Serviço de Atenção e Referência em Álcool e Drogas (SARAD), primeiro hospital do Estado de São Paulo destinado especificamente ao tratamento de pacientes dependentes químicos ou de álcool. E a parceria com a Prefeitura Municipal de Botucatu nos permite manter dois Pronto-Socorros na cidade, sendo um deles infantil e outro para adultos. Estamos também, progressivamente, ocupando o Hospital do Bairro, com a proposta de atendimento clinico e pediátrico menos complexo. São números e dados exuberantes de um Hospital exuberante. Ainda mais quando nos lembramos que praticamente 100% deste atendimento é feito pelo tão criticado Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas como todo jovem que cresce rapidamente, temos problemas que precisam ser solucionados, tais como a superlotação de nosso Pronto Socorro pela falta crônica de leitos para internações e a dificuldade dos Hospitais de nosso entorno em resolver os casos menos complexos, o que possibilitaria que o HC cuidasse apenas daqueles mais graves. Nossas portas são abertas e não recusamos atendimento a ninguém. Não podemos ser punidos por isto.
Atualmente, também faltam recursos humanos, principalmente enfermeiros e técnicos de enfermagem, além dos outros profissionais de saúde. Precisamos ainda de um financiamento mais adequado às nossas necessidades e que nos permita sanar nossas dívidas que nos últimos anos foram crescentes. Mas não podemos duvidar da capacidade de superação deste hospital. Temos tido o apoio incondicional da Famesp, que hoje atende parte de nossas necessidades e da FMB, a mãe também jovem deste HC que sempre nos acompanhou e sempre estará conosco. Afinal, uma grande escola de medicina não existe sem um grande Hospital.
Gostaria de agradecer a todos que contribuíram para que o HC completasse seus 50 anos. Nossos professores pioneiros que tiveram a coragem de vir para terras tão distantes e aqueles que vieram a seguir carregando a bandeira do ensino e da assistência e que consolidaram este hospital. Também a cada aluno de todas as turmas de medicina e de enfermagem que foram formados em nossos corredores e que hoje são profissionais de sucesso. A cada residente que, atendendo em nosso hospital, tornou-se um especialista. A cada funcionário aposentado ou na ativa, que dedicou anos de sua vida ao nosso hospital. E, principalmente, a cada paciente que, nos procurando por alguma necessidade, nos deu, em confiança, seu bem maior, que é a sua vida.
Todos nós temos uma relação profunda de amor com este hospital e, como bem sabe quem passou por aqui, ele existirá eternamente em nossas lembranças. Peço então a todos que amam este hospital que façamos dele um HC cada vez mais forte, mais eficiente e mais humanizado, perseguindo o verdadeiro milagre do rejuvenescimento, no qual quanto mais velho ele for, mais jovem ele será.
Conto com o apoio de todos e convido nossa comunidade a prestigiar e participar destes dias de festas.
Feliz aniversário HC de Botucatu!
André Balbi – Superintendente do HCFMB
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