O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) é a maior instituição pública vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) na região, atendendo 68 municípios e cerca de 2 milhões de pessoas. Para manter o funcionamento do Complexo Hospitalar, diversos equipamentos trabalham de forma ininterrupta, como, por exemplo, o chiller.
Muito utilizado em indústrias, este sistema de climatização e refrigeração de água garante, no ambiente hospitalar, a segurança térmica de aparelhos de diagnóstico por imagem e de exames laboratoriais, devido à sua grande potência.
Por conta disso, o chiller pode causar diversos impactos ambientais e energéticos, como explica a coordenadora do Núcleo de Hospitais Sustentáveis (NHS) do HCFMB, Dr.ª Karina Pavão.
“O consumo de energia do sistema central de refrigeração corresponde a mais de 40% de um prédio inteiro. Por isso, os chillers são os que chamam mais atenção quando falamos em eficiência energética. É normal encontrarmos sistemas que acabam se desgastando e se tornando ineficientes com o tempo, como era o caso do chiller principal do HCFMB, que abastece o Centro de Diagnóstico e Imagem (CDI)”.
No início da participação do HCFMB, em 2023, no Programa de Eficiência Energética, executado pela CPFL Energia e regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a empresa Vitális Energia, executora do projeto, fez uma avaliação das intervenções com maior ganho de eficiência energética. A primeira ação destacada foi a aquisição de um chiller para o CDI e, posteriormente, foi elencada a troca do chiller do Laboratório de Biotecnologia Aplicada (LBA).
Os benefícios começaram a aparecer já nos primeiros meses de instalação: no LBA, houve uma redução de 36% no consumo de energia, enquanto a queda chegou a 42% no CDI. Mas as vantagens vão além da viabilidade econômica: na questão ambiental, com o uso de máquinas mais eficientes, as emissões de gases de efeito estufa são menores.
Além disso, o funcionamento correto dos chillers garante a manutenção de diversos exames em todo o HCFMB, como: eletrocardiogramas, eletroencefalogramas, endoscopias, hemodinâmica, raio-X, ressonâncias magnéticas, tomografias e ultrassonografias, além de atender parcialmente alguns laboratórios/áreas do Hemocentro (Hematologia, Bioquímica Eritrocitária, Sorologia, Hemostasia e Aférese). A manutenção contínua dos equipamentos fica a cargo da Gerência de Engenharia e Arquitetura Hospitalar (GEAH) do HCFMB.
Dr.ª Karina acrescenta que a aquisição e a troca dos chillers estão alinhadas com os princípios da sigla ESG (Environmental, Social and Governance, em inglês), que corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. “O HCFMB, por meio do NHS, tem trabalhado nos pilares do ESG, desenvolvendo ações e sendo premiado nacionalmente com projetos, em especial, na linha socioambiental. Ao avaliarmos e valorizarmos esses aspectos, criamos um envolvimento da equipe com o ESG, promovendo um olhar mais humano, prático e alinhado com as demandas da sociedade e das novas gerações”, finaliza.
Sobre o Projeto de Eficiência Energética
Iniciado em 2017, após uma série de esforços para sua implementação, foi submetido e integrado, em 2022, a uma chamada pública do Programa de Eficiência Energética executado pela CPFL Energia e regulamentado pela ANEEL, vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Com a aprovação do projeto, feito com a colaboração da empresa Vitális Energia, foram disponibilizados recursos de aproximadamente R$ 10 milhões para sua execução, liderada pela CPFL.
As ações abrangem quatro etapas: substituição da iluminação convencional por LED, climatização de grande porte com a aquisição de 2 chillers, otimização de refrigeração clínica e instalação de uma usina fotovoltaica para geração de energia limpa e renovável. Após a conclusão dos trabalhos, estima-se uma economia de cerca de R$ 500 mil no orçamento anual do HCFMB e uma redução de aproximadamente 1 mil toneladas de emissões de carbono equivalentes (tCO2).
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