O outono teve início, no Hemisfério Sul, no último dia 20 de março, e é caracterizado por variações de temperatura mais bruscas e, consequentemente, pelo aumento da incidência de doenças respiratórias, principalmente no público infantil. Uma das mais comuns é a bronquiolite, considerada a principal causa de internação nas crianças abaixo de um ano de idade.
De acordo com o médico pediatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr. Rossano César Bonatto, a bronquiolite pode ser causada por vários vírus, dentre eles o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), e possui alguns comportamentos específicos. “Nesta doença, pode haver dois ou mais vírus infectando o paciente de forma simultânea. Há também a possibilidade de coinfecções bacterianas associadas e de reinfecções, sem a criação de uma imunidade permanente”.
O médico afirma que a doença é mais recorrente no período de outono-inverno, por conta da maior aglomeração de crianças em ambientes fechados devido à queda da temperatura ambiente, gerando uma maior possibilidade de uma criança infectada transmitir a infecção para outra. “Porém, neste período pós-pandemia, houve um aumento dos casos após as crianças voltarem a frequentar escolas e creches”, lembra o médico.
Como identificar a bronquiolite?
Sintomas como coriza e tosse seca marcam os primeiros dias da bronquiolite, que pode evoluir para um pigarro mais persistente, aumento da frequência respiratória, dificuldade para respirar, chiado no peito e diminuição da aceitação alimentar. “Os quadros mais leves acontecem, principalmente, em crianças acima de um ano de idade. Em situações mais graves, geralmente em bebês com menos de seis meses, pode haver apnéia, coloração azulada na pele (cianose) e risco de parada cardiorrespiratória. Lactentes menores de três meses, nascidos com menos de 32 semanas, com imunodeficiência, doenças neuromusculares, comorbidades respiratórias ou cardíacas possuem maior risco para agravamento do quadro clínico”.
O tratamento da bronquiolite, em casos leves, é realizado de forma domiciliar, com hidratação, desobstrução nasal com soro fisiológico e uso de antitérmicos. Já em situações mais graves, a internação se faz necessária, com suplementação de oxigênio e, às vezes, suporte ventilatório por meio de aparelhos. “Por isso, se os familiares detectarem na criança alguma dificuldade em respirar, cianose ou piora na febre, devem retornar ao serviço de saúde para reavaliação do caso”, reforça o especialista.
Prevenção passa pelo cuidado
Algumas atitudes simples podem contribuir para a prevenção da bronquiolite, como a não exposição ao tabagismo e a lavagem das mãos antes e após o contato com crianças infectadas, além do uso de álcool gel e do incentivo ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. “Para as crianças que possuem comorbidades ou nascidas abaixo de 28 semanas, há a possibilidade da aplicação de anticorpos específicos que atuam impedindo as infecções pelo VSR, com doses mensais durante os meses sazonais da doença, iniciando em fevereiro ou março, com a administração de 5 doses até junho ou julho”, explica o médico.
Dr. Rossano ressalta que uma medida fundamental para diminuir a transmissão da doença é não levar crianças com coriza ou tosse, seja com ou sem febre, para as escolas ou creches, mesmo se for um quadro considerado leve. “Esta condição facilita a disseminação de infecções virais, como a bronquiolite, para outras crianças. Por isso, recomenda-se que os pais / responsáveis pelas crianças infectadas também utilizem máscara durante o período da infecção. Nos últimos meses, estamos observando muitos casos desta doença e é importante a comunidade contribuir para a diminuição destes números, principalmente evitando a exposição de crianças com quadros respiratórios”, finaliza.
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