Laboratório de Função Pulmonar do HCFMB promoverá atividade em conjunto com os alunos de pós-graduação da Faculdade de Medicina de Botucatu
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, ou seja, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, sejam fumantes.
No próximo dia 29 de agosto, comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Durante todo o dia 28, em comemoração à data, o Laboratório de Função pulmonar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – HCFMB promoverá, em conjunto com os alunos de pós-graduação da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), um trabalho de conscientização, abordando fumantes no Boulevard do hospital.
“Aproximadamente 50% dos fumantes conseguem parar após tentativas sérias. Algumas vezes são necessárias várias tentativas antes da cessação definitiva. Importante ressaltar que a prevalência de fumantes no Brasil vem caindo progressivamente e hoje está em torno de 10% em consequência das medidas de controle instituídas por meio das políticas públicas”, detalha a pneumologista do HCFMB Dra Irma de Godoy.
A médica destaca que segundo o inquérito anual do Instituto de Neurociências Vigitel no Brasil, o número de fumantes caiu 30,7% nos últimos nove anos. Atualmente, 10,8% mantêm o hábito de fumar. “Este índice é maior entre os homens – 12,8% contra 9% entre as mulheres”, enfatiza.
Principal fator de risco, o cigarro é o maior propulsor de doenças cardíacas isquêmicas, respiratórias, vasculares, vários tipos de câncer – principalmente de pulmão, laringe e bexiga – envelhecimento e menopausa precoce, além de prejuízos na gestação para os fetos. “Importante ressaltar que o efeito do cigarro atravessa gerações, uma vez que os netos de avós fumantes têm risco maior de adquirir doenças pulmonares. O tabagismo é uma doença crônica e as pessoas fumam, em média, 20 cigarros/dia, com 10 a 12 tragadas por cigarro”, pontua Dra Irma.
De acordo com a especialista, as pessoas começam a fumar por curiosidade, influência de grupos de amigos ou familiares e mantém o tabagismo por dependência. O tabagista tem uma doença crônica que é a dependência da nicotina e está incluída no Código Internacional de Doenças (CID) com a classificação F17.
Além da dependência química da nicotina, o indivíduo desenvolve dependência comportamental e associa o tabagismo a várias atividades do dia a dia, como alimentos, bebidas e outras atividades. Os principais gatilhos de recaída estão associados à dependência comportamental, exposição a fumo passivo e também a dependência química, porém, esta última pode ser amenizada com os medicamentos. “Políticas públicas como a restrição ao fumo em locais públicos e fechados, aumento de impostos e mensagens em maços têm os maiores impactos na taxa de cessação”, afirma.
Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fumantes apresentam um risco 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão; cinco vezes maior de sofrer infarto; cinco vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar e duas vezes maior de sofrer derrame cerebral.
No Brasil, o câncer de pulmão é o tipo de tumor mais letal e também uma das principais causas de morte no país. Ao final do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitável. O consumo de tabaco é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver a doença.
Atendimentos
Para os fumantes que tem dificuldade de parar, a Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) mantém serviços de atendimento médico e grupos de aconselhamento semanais no HCFMB e no Centro de Saúde Escola. O tratamento envolve aconselhamento em grupo ou individual, que constitui a abordagem comportamental e medicamentos, incluindo a Terapia de Reposição de Nicotina, Bupropiona e Vareniclina. Alguns medicamentos são fornecidos pelo Ministério da Saúde para estes centros certificados.
São agendados aproximadamente 30 casos novos/mês nos serviços do HCFMB e do CSE. Depois da avaliação inicial os fumantes participam de cinco sessões semanais de aconselhamentos e retornos médicos após 3, 6 e 12 meses.
Grupos de Aconselhamento
Desde 1989, o HCFMB realiza uma ação social por meio do Grupo de Reabilitação Pulmonar. O projeto, uma iniciativa da Dra. Irma de Godoy, hoje conta com o apoio dos educadores físicos Waldomiro Rapelo e Clara Sugisaki e das fisioterapeutas Vera Lúcia Gobette, Letícia Claudia de Oliveira Antunes.
Os pacientes, em torno de 35 pessoas, comparecem ao grupo todas as terças e quintas-feiras; no período das 7h30 às 9h30. Primeiro, os pacientes passam por consulta médica, fazem a espirometria (prova de função pulmonar), a qual confirma a doença (DPOC: Doença pulmonar obstrutiva crônica). E para liberação para a reabilitação pulmonar fazem Teste ergométrico. Em seguida, são encaminhados pelo médico para o Grupo.
No grupo, são aferidas antes e após a reabilitação pulmonar, parâmetros como pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigênio e questionados os índices de desconforto respiratório. Após a aferição inicial os pacientes são orientados a fazer caminhada na quadra de esportes. Em seguida, alongamentos e fortalecimento de membros superiores e inferiores. Também fazem uso de bicicleta estacionária, praticam exercícios físicos associados à respiração e terminam com um relaxamento.
Para entrar no grupo é pré-requisito não fumar. Caso ainda continue fazendo uso do tabaco, o paciente deve participar do grupo de tabagismo para ter ajuda para parar de fumar. Mais informações podem ser obtidas no próprio HCFMB pelo telefone (14) 3811-6000.
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