Foi concluído o projeto de pesquisa chamado “Resposta objetiva tumoral, perfil de segurança e taxas de sobrevida de pacientes com cirrose e carcinoma hepatocelular de estadiamento intermediário submetidos à Radioembolização com 131I-Lipiodol versus Quimioembolização arterial”. Os resultados serão publicados na Revista Academic Radiology, da editora Elsevier.
O trabalho foi conduzido pelo docente da disciplina de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp) e médico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr. Fernando Gomes Romeiro.
O projeto foi aprovado e apoiado financeiramente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O estudo
A Radioembolização, técnica que utiliza radiação para o tratamento de tumores e metástases hepáticas, não é considerada curativa, mas pode causar uma redução considerável do tamanho do tumor, evitando que ele cause mais danos ao paciente portador desta condição patológica.
Por ser um projeto de pesquisa, o tratamento ainda não pode ser oferecido a todos os pacientes portadores de tumores hepáticos. O procedimento foi realizado no HCFMB durante o período em que o estudo foi desenvolvido, entre 2019 e 2023.
“Os resultados do trabalho nos mostraram muito mais que dados puramente científicos. Foi a primeira vez que a radioembolização foi realizada em um hospital público, sem custos aos pacientes, tornando a FMB e o HCFMB pioneiros nesse aspecto. Isso mostra que é possível oferecer tratamentos com mais tecnologia aos pacientes do SUS, associando pesquisa clínica e assistência à saúde”, explicou Dr. Fernando Romeiro.
Considerado um tratamento de última geração, a Radioembolização nunca havia sido realizada no SUS por envolver alto custo e exigir muita capacitação. Até então apenas hospitais de rede privada haviam realizado o procedimento.
Resultados
No estudo, foram incluídos 33 pacientes, dos quais 38 tumores foram avaliados. A resposta objetiva do tumor foi avaliada em relação a dois tratamentos: quimioembolização transarterial (medicamento) e a radioembolização transarterial (radiação)
Dentre os 38 tumores analisados, 19 foram submetidos a quimioembolização transarterial e os outros 19 à radioembolização transarterial. Os resultados apontam que ambos os tratamentos proporcionam uma sobrevida aos pacientes, uma média de 340 dias.
Os pacientes submetidos a radioembolização transarterial, com trombose da veia porta, condição agravante proveniente do tumor hepático, também obtiveram bons resultados em relação à sobrevida, uma média de 194 dias.
“Quanto à eficácia, a radioembolização conseguiu manter níveis de destruição tumoral semelhantes aos obtidos pela quimioembolização, mesmo em casos mais complexos pela presença da trombose da veia porta. Como a veia porta é a principal via de irrigação sanguínea no fígado humano, as pessoas com trombose dessa veia normalmente não podem receber quimioembolização. Para essas pessoas a radioembolização se mostrou uma alternativa interessante”, finalizou Dr. Fernando.
Esta inovação no tratamento oncológico no HCFMB é resultado do trabalho em conjunto das equipes multiprofissionais dos Serviços de Oncologia, Hepatologia, Medicina Nuclear, Hemodinâmica e Radiologia do HCFMB.
Link do trabalho disponível em: https://authors.elsevier.com/a/1i9t73qp4qpuN8 (acesso gratuito disponível até 16/01/2024)
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