“Na pandemia, o ser humano aprendeu a ser humano”. A frase reflete as transformações ocorridas na humanidade durante o período de pandemia da Covid-19 e também traduz a visão do Personagem HC desta edição.
Adimilson Aparecido da Silva, 35 anos, conhecido popularmente como De, é assistente social do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) e, por 7 anos, atuou no Pronto-Socorro Referenciado (PSR), envolvido com casos de urgência e emergência. Há 2 meses, o Pronto-Socorro Adulto (PSA) tornou-se mais do que seu novo local de trabalho: transformou-se na missão de auxiliar os familiares dos pacientes acometidos pelo novo coronavírus que passam pela Unidade.
De relata que escolheu o Serviço Social como profissão por ser um elo entre o profissional e o usuário que precisa da mediação. “É um serviço que nos dá a dimensão de realidade muito grande e que nos abre a possibilidade de construir e reconstruir identidades. Poucas profissões conseguem chegar tão perto do limite da vida cotidiana das pessoas como nós”.
Quando este cotidiano é interrompido por um vírus invisível e a angústia das famílias por notícias é nítida, o Serviço Social do PSA tornou-se este elo entre os amores de alguém, através de um dos meios de comunicação mais clássicos e tocantes: as cartas. “Começamos a solicitar cartinhas para os familiares no ato da internação e foi muito legal, porque sai de uma questão tecnológica e o sentimento é colocado no papel. Eu lia os escritos no leito dos idosos e não tinha como não se emocionar junto com eles, pois há uma construção de vínculos muito forte”.
Para De, um dos momentos mais marcantes das cartinhas lidas / entregues, que ele teve a oportunidade de ler, foi a frase que abre esta matéria, relatada por um paciente na hora da visita. “Cada carta é marcante porque todas, dentro de sua escrita, trazem histórias e sentimentos diferentes. Neste momento de pandemia, na vida pessoal e profissional, precisamos olhar dentro da gente e ter um tempo para refletir sobre nossas atitudes enquanto humanidade”.
Além dos 5 assistentes sociais, três fisioterapeutas e um psicólogo também participaram destas ações de humanização, atuando na reabilitação e na questão da ansiedade com videochamadas.
Outro trabalho marcante para De envolveu os moradores em situação de rua da cidade, em uma parceria com o Espaço Acolhedor, da Prefeitura Municipal. “Atendemos 34 pacientes em situação de rua, dentre os quais 15 testaram positivo para Covid e, felizmente, nenhum óbito. Este trabalho é muito importante, pois traz dignidade a essas pessoas”.
De cita as palavras da assistente social Marilda Iamamoto, que classifica o momento presente como pleno de desafios, que podem ser enfrentados com esperança e coragem. “Cada atendimento é diferente, com suas histórias, demandas, atendendo a particularidade de cada um, entendendo e compreendendo sem julgamentos. Eu me sinto realizado, comprometido e motivado a continuar porque estamos no caminho certo”, encerra.
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