“A pintura é poesia sem palavras.” A frase do escritor e filósofo iluminista Voltaire reflete o sentimento do Personagem HC desta edição.
Gilberto Mariano Tenório Junior é arquiteto da Gerência de Engenharia e Arquitetura Hospitalar (GEAH) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) desde 2014 e, quando não está envolvido com projetos de novas construções, reformas e ampliações, encontra, dentre as tintas, uma maneira de expressar a beleza da arte e da história de um povo.
O arquiteto conta que a paixão pela pintura começou ainda na adolescência. “Quando eu morava em São Paulo, eu já desenhava um pouco e iniciei na pintura aos 15 anos, fazendo cursos junto com o meu pai. Comecei a me aprofundar um pouco mais, trabalhando com materiais recicláveis, como papelão e jornal”.
Por um tempo, Gilberto não conseguia vender os quadros, mas, mesmo com o desânimo, nunca parou totalmente de produzir. Até que a mudança para a terra dos bons ares trouxe uma nova inspiração. “Quando vim para Botucatu, comecei a trabalhar com tintas de terra e levar este trabalho artístico mais a sério. Em 2016, participei da minha primeira exposição na cidade, através de um chamamento coletivo”.
A partir deste momento, Gilberto não parou mais de expor os seus trabalhos em diversas cidades paulistas e em outros Estados. No período da pandemia da Covid-19, o seu trabalho foi destaque em uma exposição virtual no Peru. A inspiração para as pinturas está no reencontro com a sua essência histórica. “Neste processo de autoconhecimento que vivi, descobri que tive uma bisavó indígena e pude valorizar ainda mais a minha origem, pois a família da minha mãe é negra”.
Além da execução de obras artísticas, Gilberto também atua na produção de tintas naturais, que possuem algumas diferenças em relação às convencionais. “Nas tintas naturais, há toda uma parte artesanal e um entendimento maior de sua origem, produção e descarte, além de não conterem pigmentos que podem ser nocivos ao meio ambiente”.
O arquiteto participa, atualmente, das exposições coletivas Afromodernas e do projeto Terra Ybytukatu, por meio de recursos da Lei Aldir Blanc, que consiste na construção de 4 painéis de terra crua (pau-a-pique) na praça da Pinacoteca Fórum das Artes de Botucatu. “Os painéis representam povos indígenas que habitaram a região e foram invisibilizados pelo processo de colonização e urbanização. O projeto prevê a interação com o público e leva a arte para espaços externos, no espaço cotidiano das pessoas”. A montagem será finalizada em 29 de agosto e os painéis ficarão expostos no local até fevereiro de 2022.
Para quem deseja conhecer o trabalho artístico de Gilberto, comprar as suas obras ou aprender sobre a produção de tintas de terra, é necessário entrar em contato pelos perfis @gilbertojuniorpinturacomterra ou @tintas_de_terra no Instagram.
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