Desde 1972, o mês de junho é marcado mundialmente pela conscientização sobre as questões ambientais e a importância da preservação dos recursos naturais, vitais para a manutenção da vida no planeta. Foi naquele ano, a partir de uma Conferência, que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em todo dia 5 de junho.
Quando se trata da preservação da vida, as vertentes ambientais e assistenciais são primordiais e podem ser trabalhadas em conjunto. Por isso, há 10 anos, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), por meio do Núcleo de Hospitais Sustentáveis (NHS), integra a Rede Global de Saúde sem Dano e o Projeto Hospitais Saudáveis (PHS), com o objetivo de implantar ações mais sustentáveis em todo o Complexo HC.
A coordenadora do NHS Dr.ª Karina Pavão explica que as atividades são elaboradas a partir dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, da Agenda Global 2030 e nos 10 objetivos do PHS. “A missão fundamental deste Projeto é transformar o setor saúde em um exemplo para toda a sociedade em relação à proteção do meio ambiente e à saúde do trabalhador, do paciente e da população em geral”.
O NHS é vinculado à Superintendência do HCFMB e, em seu início, era considerada uma Comissão interdisciplinar. Em 2017, a Comissão ganhou mais força ao se tornar Unidade Especial de Saúde Sustentável e, em outubro de 2019, houve a vinda de um funcionário fixo para contribuir com a articulação dos projetos. No ano seguinte, a Unidade se transformou em um Núcleo.
Ações sustentáveis no Complexo HC
Em 2015, o NHS iniciou a sua participação no Desafio Resíduo e aderiu ao Desafio 2020 – a Saúde pelo Clima, movimento global com o intuito de diminuir em 30% as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do HCFMB até 2020. A meta foi cumprida e houve a redução em 33,42%. “Temos metas ainda mais audaciosas, com a adesão à Campanha Race to zero, com uma meta de diminuição de GEE em 50% ate 2030 e, até 2050, pretendemos zerar as emissões liquidas”, destaca Renata Camargo Gomes, integrante do Núcleo.
A partir de 2018, diversos ecopontos foram instalados nas dependências do Hospital, para a coleta adequada de pilhas e baterias. O material é encaminhado para a Secretaria Municipal do Verde e destinado para uma empresa certificada, que recicla quase 95% dos materiais recebidos. Até dezembro de 2022, foram recolhidos e reciclados 684,9 kg de pilhas e baterias.
Em 2021, foi iniciado o Projeto Reciclo, com treinamento e materiais para implantação da coleta seletiva. O piloto foi realizado na Farmácia e no Hemocentro do HCFMB e, em novembro daquele ano, a prática foi implantada em todo o Hospital Estadual Botucatu (HEBo). Até o momento, foram 169 funcionários treinados e, no ano passado, 85 toneladas de resíduos deixaram de ir para o aterro sanitário e foram encaminhados para a reciclagem.
Também em 2022, houve uma parceria com o Projeto Naninhas do Amor Botucatu, resultando na doação de tecidos inservíveis para confecção de travesseiros em formato de pequenos bonecos, com destino a hospitais infantis. “No ano passado, aderimos também ao Desafio Energia, do Projeto Hospitais Saudáveis com apoio da Rede Global Hospitais Verdes e Saudáveis e da organização internacional Saúde sem Dano, e estamos buscando cada vez mais uma maior eficiência energética”, reforça Dr.ª Karina.
Reconhecimento da vocação do HCFMB para projetos ambientais
Ao longo de uma década, o trabalho do NHS ganhou reconhecimento no cenário nacional e internacional. Por dois anos consecutivos (2020 e 2021), o HCFMB foi indicado ao Prêmio Amigo do Meio Ambiente (AMA), concedido pelo Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), pela atuação, respectivamente, na destinação adequada para tecidos inservíveis e na redução de emissão de GEE.
No início de 2022, o NHS foi considerado um dos Campeões Climáticos do Desafio a Saúde pelo Clima (Global Climate Award 2021), na categoria Liderança Climática – Prata, que reconhece as melhores ações climáticas entre centenas de participantes de todo o mundo. Ainda no ano passado, o HCFMB foi o único Hospital brasileiro escolhido para integrar o projeto internacional “Iluminação Livre de Mercúrio na Saúde”, substituindo por volta de 3.000 lâmpadas fluorescentes com mercúrio pelas de LED, mais eficientes e seguras.
Dr.ª Karina conta que, a partir desta visibilidade, o NHS conseguiu um financiamento por um edital da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sobre eficiência energética, no valor aproximado de R$ 10 milhões. “Estes recursos serão destinados, dentre outras finalidades, para a aquisição de 2 chillers (resfriadores de água de porte industrial), substituição de 17 refrigeradores laboratoriais e troca de mais 2 mil lâmpadas fluorescentes para LED”, encerra.
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