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Transplante de Córneas do HCFMB: saiba como funciona o Serviço

O Serviço de Transplante de Córneas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) realizou 18 transplantes em 2023, até o presente momento.

O procedimento, considerado de alta complexidade, é indicado para pacientes com doenças que comprometem o formato e/ou a transparência do órgão, tais como: ceratocone, cicatrizes e edema de córnea.

“O paciente transplantado de córnea precisa se manter em repouso relativo por algumas semanas após a cirurgia, fazer o uso correto dos colírios antibiótico e antiinflamatório prescritos e comparecer aos retornos agendados”, explica o médico oftalmologista do HCFMB e Diretor Técnico do Banco de Olhos, Dr. Alvio Isao Shiguematsu.

Os maiores riscos relacionados ao pós-operatório dizem respeito ao não cumprimento destas orientações, quando pode haver um maior risco de infecção, inflamação e até perda do transplante.

Dinâmica de Doação das Córneas

Em virtude de a córnea não conter sangue, ela é um tecido que, em geral, pode ser transplantado sem a necessidade de testes de compatibilidade entre doador e receptor.

Dr. Alvio Issao Shiguematsu

“Como a possibilidade de doação de tecidos oculares só ocorre após a morte e a autorização para o procedimento só pode ser concedido por familiares de até segundo grau de parentesco, o pré-requisito mais importante é que o potencial doador tenha manifestado sua intenção de doar ainda em vida e tenha avisado a sua família”, frisa Dr. Alvio.

Há limites de idade para a doação (em geral, de 2 a 80 anos), além de contraindicações absolutas, tais como: morte de causa desconhecida, sepse (infecção generalizada), infecção pelo HIV, HTLV, Hepatites B e C, neoplasias do sangue (leucemia, linfoma e mieloma), tumores oculares, entre outros.

Banco de Olhos do HCFMB

O Serviço do Banco de Olhos é responsável por identificar potenciais doadores de córneas, por isso os profissionais dessa área realizam a triagem dos óbitos que ocorrem no HCFMB para saber se existe alguma contraindicação.

Quando não há contraindicação e a família do paciente aceita a doação após o óbito, a equipe realiza a retirada e avaliação dos olhos para verificar se existe algo que possa impedir o transplante, como uma infecção, por exemplo.

Após este procedimento, “as córneas são retiradas e inseridas em um meio de preservação por meio do qual podem ficar armazenadas durante até 14 dias”, salienta Dr. Alvio.

Com o órgão disponível para doação, ele é direcionado para a Secretaria de Transplantes do Estado de São Paulo, responsável pela distribuição das córneas aos Centros Transplantadores. A partir daí a equipe médica é avisada para que o procedimento seja realizado.

Atualmente cerca de 4000 pessoas estão inscritas na fila de espera por uma córnea no Estado de São Paulo.

Serviço Social

A realização de um transplante de córnea exige atuação de uma equipe multiprofissional, que inclui os assistentes sociais. Enquanto um profissional atua no Ambulatório de Especialidades com a avaliação social do paciente, outros três assistentes sociais gerenciam e controlam o Sistema Estadual informatizado de Transplantes (SET), tratando da inscrição, dados gerais do paciente transplantado, suspensão do indivíduo (quando solicitado pela equipe), viabilização do transporte do órgão, dentre outras prerrogativas.

“Todos os pacientes que inscrevemos para o transplante são avaliados pelo Serviço Social do Hospital; todo contexto social do potencial receptor é analisado”, frisa Dr. Alvio.

Equipe do Serviço Social que auxilia o gerenciamento de transplante de córnea: Milene Gomes, Estela Anselmo e Aline Malagode.

Recursos Humanos

A equipe de transplante de córnea do HCFMB conta com quatro médicos oftalmologistas, sendo dois preceptores e dois ex residentes. A equipe do Banco de Olhos do Hospital possui dois médicos oftalmologistas, seis enfermeiras, três técnicos de enfermagem e a participação de 21 médicos residentes da oftalmologia.

Cintia Banin, enfermeira responsável do Banco de Olhos do HCFMB