A primeira sessão de hemodiálise no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP aconteceu no dia 31 de outubro de 1981. Era um sábado e havia um paciente portador de Insuficiência Renal Crônica sem mais condições técnicas de se submeter à diálise peritoneal, como vinha fazendo. Nosso excelente médico residente em Nefrologia, Dr. Francisco Kerr Saraiva e o docente responsável pela Unidade de Diálise, instalada na Enfermaria de Clínica Médica, com o auxílio do corpo de Enfermagem e dos funcionários dedicados, decidiram preparar a máquina dialisadora nova, adquirida pela Instituição em 1979. Era um modelo da Travenol , um tanque, com dializador tipo ‘coil’, de controle de fluxo quase todo manual, o que exigia conhecimento e treino prévio na manipulação técnica do equipamento e cuidados especiais com o paciente. A equipe médica havia recebido anteriormente treinamento específico no HC-USP, sob a supervisão dos Professores Emil Sabbaga e Vicente Massola.
É necessário esclarecer aqui os tempos difíceis passados pela Instituição. Foram demoradas as reformas da sala na enfermaria, a instalação hidráulica e elétrica requerida, pontos de descarte de líquidos para o esgoto, projeto de tratamento prévio de água ( a água que servia o hospital era ainda captada – desde 1962 – do riacho que passava em Rubião Júnior, sem tratamento ), a compra e reserva de leitos para a nova Unidade, sua limpeza, etc . Tudo isso foi feito após a compra da famosa máquina… que estava guardada. Foi a emergência clínica e metabólica do paciente que determinou a inauguração da mesma. A água utilizada no processo foi transportada da cidade em toneis.
Sendo o seu primeiro uso, sua higienização foi determinada e assumida pela equipe, junto com a Enfermagem, logo pela manhã, naquele sábado. O paciente, com acesso vascular preparado, foi submetido ao procedimento previsto para durar de 3 a 4 horas. Ao final daquele período noturno, o relógio já batendo meia noite, equipe exausta, paciente melhorado e tranquilo, a Professora Dináh Borges de Almeida, nossa chefe da Disciplina de Nefrologia, do Departamento de Clínica Médica, chegou com um troféu embrulhado num belo presente: era um espumante geladinho… Estava inaugurada a Unidade de Diálise.
HOMENAGEM
Este relato é uma homenagem a todos os que integraram e integram as equipes sucessivas que levaram e levam ao crescimento e expansão desta laboriosa e imprescindível Unidade de Diálise até hoje, cujos benefícios têm auxiliado a tantos pacientes. A excelência do atendimento neste serviço exemplar sempre esteve sob os cuidados contínuos dos médicos, da equipe de enfermagem especializada e de seus dedicados funcionários. Os familiares acompanhantes dos pacientes ali atendidos recebem, também, contínuo auxílio estratégico das Casas de Apoio da FAMESP.
ATENDIMENTO AMPLIADO NA UNIDADE DE DIÁLISE
Hoje, 38 anos após aquele início, a direção deste Hospital das Clínicas de Botucatu – UNESP, juntamente com a Diretoria da Faculdade de Medicina de Botucatu e seu Departamento de Clínica Médica, inaugura a Unidade de Diálise para Pacientes Internados ( UDiPI ), exatamente na mesma sala da Enfermaria de Clínica Médica em que se iniciara a progressiva evolução histórica descrita acima. Foi com emoção que pudemos acompanhar significativas manifestações por ocasião daquela inauguração ocorrida em 07 de fevereiro de 2019. Toda a instituição está de parabéns.
*Dr. Francisco Habermann é nefrologista, docente aposentado da FMB-UNESP.
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