O especialista vascular Marcone Lima Sobreira explica como diminuir a chance de trombose venosa e o desconforto nos membros inferiores
Janeiro e fevereiro são meses que, tipicamente, as pessoas viajam muito. Seja de férias ou para aproveitar o carnaval, algumas pessoas têm o costume de fazer longas viagens em busca de descanso. Mas, para enfrentar o percurso com tranquilidade, é preciso alguns cuidados, principalmente as pessoas que têm varizes ou outros problemas vasculares, como orienta o especialista vascular Marcone Lima Sobreira, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB).
Sobreira comenta que qualquer pessoa precisa de cuidados básicos para evitar dores ou os famosos “inchaços” durante as viagens. “As dores durante as viagens podem ocorrer por diversos motivos. Pensando em causa vascular, isso pode ser decorrente da estase sanguínea (diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo) nos segmentos venosos das extremidades inferiores em decorrência do repouso. Em outras palavras, o sangue, especialmente nas extremidades inferiores, necessita da movimentação das pernas para facilitar sua movimentação, seu fluxo. Quando a pessoa anda (ou faz exercícios com as pernas), a musculatura realiza uma espécie de ‘ordenha’ nas veias facilitando a movimentação do sangue, evitando a estase. Quando se fica muito tempo parado na mesma posição, sem movimentação das pernas, a musculatura não massageia as veias, e o sangue tem mais dificuldade para fluir”, esclarece.
O especialista ainda ressalta que, com a falta de movimentação,as veias podem dilatar, por conta do aumento do volume sanguíneo, e isso pode trazer incômodos e dores nas pernas. Essa situação pode se intensificar em pessoas que têm varizes ou algum outro problema vascular, porque já apresenta uma doença que leva ao mau funcionamento das veias.
Para o médico, não é recomendável, para qualquer pessoa que viaje, ficar com os membros estáticos por muito tempo. O ideal é movimentação constante das pernas e braços, e,se a pessoa ficar parada, seja deitada, de pé ou sentada por períodos prolongados, pode-se realizar exercícios de flexo/extensão dos pés (movimentos semelhantes a aceleração/desaceleração do carro), simulando uma caminhada, massageando as veias, e propiciando o fluxo sanguíneo, evitando a diminuição da velocidade da circulação do sangue nas veias.
Para evitar problemas, Sobreira reforça a necessidade de as pessoas manterem movimentação constante das extremidades (membros superiores e inferiores), enquanto estiverem sentadas. Ele também ressalta que as pessoas devem caminhar periodicamente durante os voos, que façam exercícios de alongamento com os braços e pernas e não se esqueçam de beber bastante líquido durante as suas viagens. Ele lembra que as pessoas com problemas venosos devem se atentar ainda mais para esses procedimentos, pois existe a possibilidade de desenvolver Trombose Venosa Profunda (TVP). Esse problema não leva a amputação,porém esse tipo de trombose precisa ser tratado com medicações e pode trazer complicações sérias à saúde do indivíduo, como, por exemplo,a embolia pulmonar (que é um bloqueio de artérias dos pulmões causada por um coágulo de sangue).
Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), a TVP ou embolia pulmonar podem ocorrer em 2 a cada 1.000 indivíduos a cada ano. Segundo o órgão, idade avançada, câncer, procedimentos cirúrgicos, imobilização, uso de estrogênio, gravidez, distúrbios de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos, constituem-se como fatores de risco para desenvolver o problema. Sua incidência aumenta proporcionalmente com a idade, portanto a população idosa deve redobrar os cuidados ao viajar.
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