O projeto “Eliminação do uso de óxido nitroso no ambiente hospitalar: benefícios ambientais e ocupacionais”, desenvolvido pelo Núcleo de Hospitais Sustentáveis (NHS) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp (HCFMB), foi reconhecido entre os 15 melhores trabalhos da 18ª edição do Prêmio Amigo do Meio Ambiente (PAMA) 2025.
O NHS do HCFMB recebeu a Placa de Reconhecimento, concedida aos projetos com melhor avaliação, consolidando o HCFMB como referência nacional em sustentabilidade hospitalar.
Em 2025, o PAMA recebeu 233 projetos de 18 estados brasileiros, com iniciativas voltadas à sustentabilidade em organizações de saúde que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), públicas ou privadas.

O projeto
O trabalho premiado teve como objetivo eliminar o uso do óxido nitroso (N₂O) no ambiente hospitalar, promovendo benefícios tanto ambientais quanto ocupacionais. Karina Pavão, coordenadora do NHS, explica que o gás é utilizado desde a década de 1970 no HCFMB. “O N₂O é um potente gás de efeito estufa, considerado como o terceiro mais impactante no aquecimento global, e contribui também para a degradação da camada de ozônio. Além disso, sua presença representa riscos à saúde ocupacional, já que é inodoro e de difícil detecção em casos de vazamento”, diz.
O projeto teve início em 2015, quando o NHS passou a fazer o inventário das emissões de gases de efeito estufa (GEE), utilizando o GHG Protocol. Em 2018, foi detectado aumento nas emissões devido ao alto consumo de N₂O, o que levou à criação de uma comissão interdepartamental para investigar vazamentos e adotar medidas corretivas.
Pesquisas conduzidas no Programa de Pós-Graduação em Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, sob liderança dos professores Leandro Gobbo Braz e Mariana Gobbo Braz, demonstraram que, com o uso de detector infravermelho em tempo real, foram identificados níveis de exposição ao gás até dez vezes superiores ao limite recomendado. Esses achados motivaram, em 2024, a decisão de eliminar definitivamente o uso do N₂O, visando à proteção da saúde dos trabalhadores e à resolução do problema de exposição da equipe médica.
Diante desse cenário, o HCFMB implementou um plano estratégico para substituir o uso do gás por alternativas mais seguras e ambientalmente responsáveis, alinhadas às diretrizes de sustentabilidade e à Política de Saúde Ambiental do SUS.
Os resultados foram significativos: redução de 85% no consumo do gás entre 2018 e 2024, queda de 55% para 8% na contribuição do N₂O para as emissões totais, economia de R$ 335 mil e melhorias na saúde ocupacional. “Por meio do trabalho intersetorial, do conhecimento transdisciplinar da GEE e da ação coletiva, alinhando pesquisa e assistência, esse problema foi solucionado”, afirma Karina.
A iniciativa integra o Desafio “A Saúde pelo Clima”, movimento global que mobiliza instituições de saúde a adotar práticas em defesa da saúde pública ambiental e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Reconhecimento e participação no Seminário Hospitais Saudáveis (SHS) 2025
Além do destaque no PAMA 2025, a coordenadora do NHS do HCFMB Karina Pavão participou da mesa de abertura no 1º Simpósio de Clima e Saúde, falando sobre “Educação Climática e Ambiental na Saúde: Da Formação à Transformação”.
Já a assistente técnica do NHS, Renata de Camargo, foi convidada para palestrar durante o “Fórum de RSS | Fórum de Vigilância Sanitária de Resíduos de Serviços de Saúde 2025: Minimização e reciclagem de resíduos em centro cirúrgico”.
O NHS ainda teve três trabalhos selecionados para apresentação em formato de pôster.
			
			









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