O Centro de Contingência do COVID-19, criado pelo Governo do Estado de São Paulo, realizou sua primeira reunião na manhã de ontem, 3. O Centro tem o objetivo de monitorar e coordenar ações contra a propagação do novo coronavírus, e conta com especialistas das redes pública e privada, com ênfase na área de Infectologia, sob a supervisão do Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann, e coordenação do médico infectologista David Uip.
A lista de especialistas inclui o Infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) e Docente da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), Dr. Carlos Magno Fortaleza, que participou da reunião. Compõem também o Centro de Contingência do COVID-19 o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, e os professores Marcos Boulos (HCFMUSP), Esper Kallas (HCFMUSP), Luiz Fernando Aranha (Unifesp), Benedito Fonseca (HC de Ribeirão), Beatriz Tess (FMUSP), Rodrigo Angerami (HC da Unicamp) e Luiz Carlos Pereira Júnior (Instituto de Infectologia Emílio Ribas).
A iniciativa visa estabelecer protocolos para diagnóstico, assistência e para o desenvolvimento de medicamentos e de uma possível vacina eficaz contra a doença. Durante a primeira reunião formal do grupo, foi definida uma rede de pesquisas para prevenção e tratamento do novo COVID-19.
“Somos muito bem preparados e temos total condição para colaborar com o Governo do Estado nas ações de combate ao coronavírus”, diz Dr. Carlos Magno Fortaleza. “As reuniões serão realizadas uma vez por semana e estaremos sempre atualizados com o cenário real da doença no Estado, trabalhando para impedir seu avanço e divulgando informações concretas”, afirma.
Foram definidas três frentes de ação. A primeira é focada em pesquisas, desenvolvidas com olhares direcionados para os cenários do Estado de SP, Brasil e mundo.
A rede reunirá instituições de pesquisa e ensino renomadas como a FMB, o HCFMB,o Hospital das Clínicas da FMUSP e das grandes universidades públicas de São Paulo – USP, Unicamp, e USP Ribeirão Preto, além dos institutos Butantan, Adolfo Lutz, Emílio Ribas e de Medicina Tropical.
O segundo grupo é voltado às ações de Comunicação, e programará workshops, cursos e palestras para atualizar os jornalistas e demais profissionais da área que estão cobrindo o tema.
A terceira frente aborda os protocolos assistenciais, sugerindo fluxos e possibilidades de otimização do atendimento na rede de saúde, contribuindo para os protocolos operacionais estabelecidos pela Secretaria de Estado da Saúde.
O Superintendente do HCFMB, Dr. André Balbi, falou sobre o papel do Hospital junto a Secretaria de Saúde e ao Governo do Estado. “O HCFMB e a FMB são instituições de extrema importância no interior do Estado e participar deste Centro de Contingência reforça o trabalho sério da nossa gestão em aprimorar continuamente a nossa assistência”, disse.
HCFMB é reconhecido como hospital referência para o tratamento de casos graves de COVID-19
O novo centro definiu ainda a relação de hospitais de referência para o tratamento de casos graves, e o HCFMB é um deles. Os outros centos são os HCs de Ribeirão Preto (USP) e Campinas (Unicamp), Hospital de Base de São José do Rio Preto, Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) e Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital.
O Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) e a Comissão de Controle de Infecção Relacionada à Assistência (CCIRAS) do HCFMB divulgaram orientações e têm realizado treinamentos do plano de ação, implantado pela Secretaria da Saúde do Estado (SES), para atendimento de casos suspeitos por infecção pelo novo coronavírus. O protocolo orienta os servidores no diagnóstico, tratamento e isolamento dos casos.
É importante destacar que os casos graves serão tratados no HCFMB, em área de isolamento e com fluxo previamente discutido e organizado com a equipe multiprofissional. Os casos menos graves ou suspeitos serão triados nas Unidades Básicas de Saúde do município.
Quando procurar atendimento?
– Caso apresente febre e sintomas respiratórios e esteve em um dos seguintes países: China, Alemanha, Austrália, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Japão, Tailândia, Vietnã e Singapura nos últimos 14 dias;
– Caso apresente febre e sintomas respiratórios e teve contato com algum caso suspeito ou confirmado com alguém que esteve nos países citados acima nos últimos 14 dias.
Uma preocupação em relação ao COVID-19 e sua possível disseminação é quanto a velocidade de confirmação molecular diagnóstica. Ao que eu soube, nos casos suspeitos coleta-se secreções da cavidade oral e nasal que é enviado para o Adolfo Lutz em SP, para confirmação ou não, com tempo de resposta em torno de uma semana. Em condições de baixa endemia, talvez OK. Mas, se o número de casos suspeitos crescer muito a sobrecarga do Adolfo Lutz será inevitável, com possíveis atrasos e eventuais erros.
Minha sugestão é que os Hospitais Universitários de SP devam aproveitar esta situação de possível crise, para solicitarem/exigirem recursos para se capacitarem para fazerem o diag. molecular. O ganho tecnológico e de presteza no diagnóstico e conduta será imenso, e penso que isto é urgente. Att