Julho Verde – prevenção e diagnóstico precoce fazem toda a diferença

Oficialmente desde 2017 no Brasil, o mês de julho é dedicado à conscientização, prevenção e combate dos tipos de câncer que acometem a cabeça e o pescoço, formando a campanha Julho Verde, criada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) e pela Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) em referência ao Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço, lembrado em 27 de julho.

Atualmente, um em cada 10 casos de câncer no Brasil está localizado nestas partes do corpo humano, e sua incidência tem aumentado ao longo das décadas em todo o mundo. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam o câncer de boca e laringe, respectivamente, como o sexto e nono mais incidentes entre homens no Brasil. Já o câncer de tireóide ocupa o nono lugar entre as mulheres.

Dr. Carlos Segundo Paiva Soares e Dr. José Vicente Tagliarini, médicos do HCFMB

De acordo com Dr. José Vicente Tagliarini, médico responsável pelo Serviço de Cabeça e Pescoço, subordinado ao Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), o câncer afeta, principalmente, a população acima dos 40 anos, sendo o tabagismo e o excesso de consumo de bebidas alcoólicas, suas principais causas. “Estes fatores são os mais importantes porque configuram causas evitáveis. Apesar de termos, ao longo do tempo, uma redução do tabagismo na sociedade, é preciso manter esse nível o mais baixo possível. O consumo de bebidas alcoólicas em excesso, principalmente de destilados, também pode ser um fator decisivo para a doença”.

Segundo o médico, que também é professor do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (CCP) da FMB, os principais sintomas deste tipo de câncer são: feridas ou lesões na boca que não cicatrizam por mais de 30 dias (principalmente na parte inferior da língua e no lábio), dor na garganta persistente e progressiva, rouquidão fixa há mais de 1 mês, além de caroços ou nódulos no pescoço não associados a infecções. “Muitas vezes, a mulher percebe caroços em seu auto-exame e, quando isso acontece, é necessário procurar um médico para avaliação. Embora muitos destes nódulos não sejam tumores, eles sempre merecem atenção”, afirma.

O diagnóstico da doença é feito através de biópsia, ou seja, da remoção de um pequeno fragmento da lesão para análise laboratorial. Já o tratamento e a reabilitação são realizados, na maioria das vezes, por uma equipe multidisciplinar, envolvendo médicos, fonoaudiólogos, odontólogos, psicólogos, nutricionistas e enfermeiros e tem, como principais modalidades terapêuticas a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, que podem ser realizadas de forma isolada ou associada.

Em função de toda a repercussão física, psicológica e social para o paciente e a família, torna-se importante a inserção dos pacientes em grupos de apoio, como o Grupo de Apoio ao Laringectomizado, existente no HCFMB e encabeçado pela Equipe Multiprofissional de Cirurgia de Cabeça e Pescoço que tem, como principais objetivos, o esclarecimento e a interação entre os pacientes, através de reuniões mensais.

Para Dr. Carlos Segundo Paiva Soares, médico cirurgião de Cabeça e Pescoço do HCFMB, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as possibilidades de cura. “Muitas vezes, quando os pacientes chegam ao especialista, infelizmente estão em um estado muito avançado e, quando isso acontece, geralmente se faz necessário um tratamento mais invasivo, diminuindo a taxa de cura. Por isso, assim que detectados os sintomas, é importante procurar atendimento”, enfatiza.

Para contribuir na prevenção do câncer de cabeça e pescoço, algumas atitudes diárias podem ser fundamentais. “A prevenção está associada à redução da exposição solar, utilizando chapéus e protetor labial, ao combate ao tabagismo e ao excesso do consumo de bebida alcoólica, de uma maneira geral, além da disseminação de informações sobre a doença para toda a sociedade”, finaliza Dr. Carlos.