Resgatando a arte de se comunicar – como lidar com a Afasia

Comunicar-se com o mundo ao seu redor é algo inerente ao ser humano em diversas atividades do dia-a-dia. Mas o que você faria se, de repente, não conseguisse mais se comunicar facilmente com as pessoas? Isso pode acontecer quando um indivíduo é acometido pela afasia.

Desde 2018, o mês de junho é marcado por uma Campanha Mundial de Conscientização da Afasia, também abraçada pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) e pela Associação Brasil AVC, com o intuito de conscientizar a sociedade sobre esse assunto.

A afasia é um distúrbio de linguagem que afeta a comunicação das pessoas tendo, como causa mais comum, o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Dados da Associação Nacional de Afasia dos Estados Unidos apontam que entre 25% e 40% dos sobreviventes de AVC apresentam este distúrbio. Até o momento, não há dados sobre a afasia no Brasil.

Chefe do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Priscila Watson Ribeiro destaca que a afasia pode também estar relacionada a outras causas, como Traumatismo Crânio Encefálico
(TCE), tumores e infecções cerebrais, além de aneurisma e alguns tipos de demências. “As dificuldades mais comuns para os pacientes com afasia são encontrar palavras, expressar aquilo que desejam, compreender o que é dito, ler e escrever. O fonoaudiólogo é o profissional responsável por avaliar e reabilitar as alterações na comunicação”, lembra a especialista.

No HCFMB, o Serviço de Fonoaudiologia, em parceria com a Unidade de AVC (U-AVC) e com a Neurologia, identifica os pacientes com afasia, especialmente na Unidade, e propõe estratégias de reabilitação e orientação familiar durante a internação hospitalar. Após a alta, os pacientes são encaminhados para redes de apoio (como por exemplo, a rede Lucy Montoro, para os residentes em Botucatu) ou para atendimento fonoaudiológico na cidade de origem.

Dr. Rodrigo Bazan, coordenador da Unidade de AVC do HCFMB, reforça a importância desta parceria para a identificação dos pacientes com afasia. “A Unidade de AVC é um ambiente de trabalho da equipe multiprofissional em prol do paciente e demonstramos claramente isso aqui no HCFMB. A avaliação e a intervenção da fonoaudiologia fazem toda a diferença na vida dos pacientes vítimas de AVC que apresentam afasia e, nesse campo, a precocidade da identificação e tratamento terão grande impacto na vida futura desses indivíduos”.

E como ajudar o afásico a se comunicar melhor? Priscila apresenta algumas dicas importantes para a socialização deste paciente. “Converse num ambiente tranquilo, dê mais tempo para a pessoa se expressar e compreender você. Mostre que se interessa pelo que a pessoa tem a dizer e que, apesar das dificuldades, é muito bom conversar. Use desenhos, gestos e imagens, se necessário, além de frases curtas e simples, abordando um tema de cada vez”.

Para aprofundar os conhecimentos sobre a afasia, o Serviço de Fonoaudiologia e a U-AVC em parceria com o Núcleo de Eventos Científicos do Departamento de Gestão de Atividades Acadêmicas (DGAA) do HCFMB promoverão dois momentos on-line de discussão e aprendizado sobre o tema, via Google Meet.

O primeiro será no dia 22 de junho, às 19h, com a palestra “Condutas e intervenções na afasia no contexto hospitalar”, direcionada para os fonoaudiólogos do HC e região e conduzida pela fonoaudióloga Dr.ª Aline Campanha. Já no dia seguinte, também às 19h, haverá uma atividade direcionada para a equipe multidisciplinar sobre “Implicações das alterações de comunicação durante a internação: condutas da equipe multidisciplinar”, ministrada pela fonoaudióloga Dr.ª Ariella Belan. Os interessados podem obter mais informações e se inscrever pelo link http://bit.ly/AfasiaHCFMB.