Variante Ômicron: “É um momento de cautela”, afirma infectologista do HCFMB

Segundo Dr. Carlos Magno C. B. Fortaleza, “é improvável que tenhamos lockdown ou alguma outra medida extrema”

Nos últimos 30 dias o mundo ficou em estado de alerta com o surgimento da nova Variante do vírus Sars-Cov2, denominada Ômicron. Afinal, o que se sabe até agora sobre a nova Cepa? Ela é mais transmissível e letal? É possível haver um escape vacinal?

O médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr. Carlos Magno C. B. Fortaleza, explica que “o que causou espanto foi a velocidade com que ela chegou e se espalhou pela África do Sul”, lembra.

Dados oficiais apontam que a nova Cepa se originou em Botsuana, no Sul da África, no mês de novembro, e se disseminou pelo continente Europeu em seguida. “Já se sabe que uma semana antes de ela (variante) ser identificada na África do Sul já estava na Europa, o que mostra que o surgimento se deu uma ou duas semanas antes do que se pensa”, frisa Dr. Carlos.

Ainda não é possível afirmar se a Variante Ômicron é mais letal, porém Dr. Fortaleza explica que ela possui elevada capacidade de transmissão. “Nós podemos dizer que ela é mais transmissível que todas as outras (cepas)”, pontua o especialista.

Vacinas

Em relação à capacidade da vacina neutralizar a ação da nova variante, o infectologista do HCFMB lembra que nos próximos dias deverão ser apresentados resultados oficiais dos testes em andamento. “É provável que ela (imunização) exista mesmo que seja parcial”, diz.

“É a Cepa com mais mutações já vista até o momento e estas mutações são preocupantes porque são mutações da espícula (parte do vírus que se conecta e infecta a célula humana)”.

Os anticorpos da vacina são principalmente contra a espícula do vírus. A mutação da espícula pode ocasionar “maior velocidade de entrada na célula humana, que reverte em maior transmissibilidade, e um possível escape vacinal”, explica Dr. Fortaleza.

 “Enquanto estivermos com 30, 40% da população não vacinada teremos o vírus circulando muito e acometendo algumas pessoas vacinadas, ao passo que quando temos 80, 90% da população vacinada o vírus não circula e até mesmo os que não se vacinaram estão protegidos”, explica.

Dr. Carlos Magno C. B. Fortaleza é médico infectologista do HCFMB

Rede de Vigilância Genômica da Unesp

Em função da atuação dos laboratórios de sequenciamento de genomas, os pesquisadores já puderam identificar pelo menos 50 mutações na Ômicron, em relação a variantes anteriores.

Rejane Grotto é atualmente a coordenadora da Rede de Vigilância Genômica da Unesp. Em conversa com o Podcast Unesp, a pesquisadora explica está fazendo o sequenciamento de genes de vírus de praticamente todos os casos de covid-19 registrados na região de Botucatu, ao invés de operar por amostragem.

“A vigenômica precisa estar atenta ao aparecimento desta variante, assim como outros Centros de Sequenciamento do País. Agora o importante é fazermos uma boa vigilância, tanto epidemiológica quanto genômica”, explica.