Dr. André Balbi
O primeiro dia de julho de 2010 deverá ser sempre lembrado e comemorado. Passados 11 anos da autarquização do HC, movimento corajoso surgido em seu interior alguns anos antes e que provocou mudanças profundas na estrutura do complexo HCFMB, presenciamos um crescimento inigualável deste hospital, impossível de ocorrer se ainda permanecesse nos braços protetores da Unesp e de nossa Faculdade de Medicina (FMB).
Mesmo com todos os legítimos receios de que a FMB pudesse perder seu hospital-escola, o HC continuou indissociável da FMB desde que nasceu, em um inacreditável caso de gestação onde o filho nasce com a mãe. E este filho, ao chegar a certa idade, como ocorreu com vários de nós, precisou sair de sua casa para crescer profissionalmente, sem esquecer sua origem.
Vivi o processo da autarquização desde que ele foi definitivamente implantado, ocupando o cargo de Diretor de Assistência na gestão do primeiro Superintendente do HC e sua Chefe de Gabinete. Dr. Emílio e Dra. Irma de repente se viram a frente de um hospital sem recursos financeiros para terminar o ano e onde tudo estava por conseguir. Os meses seguintes mostraram longas e frequentes viagens pela Castelo Branco em busca do orçamento que começou a vir (e ainda continua) em conta-gotas.
Quando assumi a Superintendência do HC, em 2017, encontrei uma casa cheia de novidades, porém com necessidade de algumas mudanças. Foi como se o Dr. Emílio trouxesse móveis para uma casa vazia e nossa gestão passasse a colocá-los em seus locais adequados: cama de casal no quarto principal, fogão na cozinha, livros nas estantes e por ai afora. Não seria possível, pelas nossas características pessoais, ocorrer o contrário.
A chegada da pandemia mostrou o potencial deste hospital e o quanto estava preparado para grandes desafios. Rapidamente nos tornamos referência para o tratamento da Covid-19 em todo estado de São Paulo, não apenas na assistência prestada aos pacientes mas também nas inovadoras pesquisas aqui realizadas.
Mas não devemos esquecer que a autarquização é um processo ainda em evolução e que estará completo quando o orçamento deste complexo estiver adequado para suas reais necessidades, incluindo o pleno funcionamento das unidades assistenciais que surgiram neste período. O Hospital Estadual e a clínica SARAD precisam ser inteiramente financiados. Continuaremos lutando até que isto aconteça.
André Balbi é médico nefrologista, professor associado da Faculdade de Medicina de Botucatu e atual Superintendente do HCFMB.
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