De 21 a 25 de março, representantes de 137 países estarão reunidos na Conferência das Partes da Convenção de Minamata sobre Mercúrio (COP4) que, dentre outras pautas, votarão em uma proposta para eliminar a iluminação fluorescente que contém mercúrio. Se aprovada, serão evitados, entre 2025 e 2050, 3,5 gigatoneladas de emissões de CO2, eliminados 232 toneladas de poluição por mercúrio, além da redução do uso global de eletricidade em 3%.
Para divulgar a importância desta transição para o meio ambiente e para a saúde pública, diversas organizações se uniram na execução de um projeto de modernização do sistema de iluminação em hospitais do Brasil, Filipinas e Nigéria. O representante brasileiro da ação será o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), por meio do Núcleo de Hospitais Sustentáveis (NHS) que anunciará, em reunião na próxima quarta-feira, 9, um projeto de melhoria de parte do sistema de iluminação, substituindo as lâmpadas fluorescentes com mercúrio por lâmpadas de LED.
Ao todo, o HCFMB trocará em torno de 3 mil lâmpadas, podendo gerar economia de até 43% em relação ao sistema anterior neste local. A intervenção será feita em uma área ambulatorial de cerca de 3.000 m², em que são realizadas diariamente 580 consultas nas áreas de Pediatria e Saúde Mental Infantil, Ginecologia e Obstetrícia e Ortopedia.
Chamada Iluminação Livre de Mercúrio na Saúde, a iniciativa no Brasil é promovida pela Coalizão pela Iluminação Limpa (CLiC) e coordenada pelo Projeto Hospitais Saudáveis (PHS) em colaboração com o Centro de Análise, Planejamento e Desenvolvimento de Recursos Energéticos (CPLEN) do Instituto de Energia e Ambiente da USP, e a Rede Kigali, que reúne organizações da sociedade civil brasileira pela eficiência energética.
O HCFMB, por meio do NHS, coordenado pela Prof.ª Dr. Karina Pavão, participa desde 2013 da Rede Global Hospitais Verdes e Saudáveis liderada pela organização internacional Saúde Sem Dano, da qual o PHS é o parceiro estratégico no Brasil. Recentemente, o Hospital foi considerado um dos Campeões Climáticos 2021 do Desafio a Saúde pelo Clima (Global Climate Award 2021), sendo uma das oito instituições brasileiras a ser contemplada e a única do interior paulista.
Sobre a poluição por mercúrio
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o mercúrio entre os 10 principais produtos químicos ou grupos de produtos químicos de maior preocupação de saúde pública. Dentre os vários locais que este material pode estar presente, as lâmpadas fluorescentes chamam a atenção pois, quando se partem, são liberados vapores tóxicos para o ar e, ao serem absorvidos por bebês e crianças, existe o risco de deficiências de desenvolvimento por toda a vida, além de trazer riscos para o feto em mulheres grávidas.
Uma das primeiras ações do HCFMB como membro da Rede Global Hospitais Verdes e Saudáveis foi o banimento de equipamentos médicos com mercúrio. O Projeto Iluminação Livre de Mercúrio na Saúde auxiliará o HC a continuar seu caminho em ações de sustentabilidade e ação climática, trajetória esta iniciada em 2017, durante a realização do primeiro Ilumina HC.
Para a coordenadora do NHS do HCFMB, Dr.ª Karina Pavão, a poluição por mercúrio é tema conhecido para a saúde pública e deve-se eliminar o seu uso sempre que possível. “Nesta eliminação, há a diminuição da geração de resíduos, devido à maior vida útil das lâmpadas LED, do consumo de energia elétrica e, consequentemente, das emissões de gases de efeito estufa”.
Dr.ª Karina comenta também que as vantagens da implementação deste projeto vão além da sustentabilidade. “Ao substituir as lâmpadas, poderemos diminuir nossa conta de energia, reduzindo os custos operacionais. Estas economias são fundamentais, ainda mais com as demandas trazidas pela pandemia. Além disso, com este projeto, será possível adquirir iluminação de melhor qualidade, proporcionando um ambiente de trabalho mais adequado para os nossos colaboradores”, finaliza.
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