Infecciosa e com grande potencial de contágio: a tuberculose é uma doença que se manifesta, principalmente, nos pulmões e, segundo estudos globais recentes, atinge 45 em cada 100 mil habitantes no Brasil. Esta doença se revela em duas etapas: a fase ativa é quando a doença manifesta sintomas e pode ser transmitida para outras pessoas; já a tuberculose latente acontece quando há a infecção, mas as bactérias não produzem sintomas.
Como realizar, então, o diagnóstico da tuberculose na fase assintomática, principalmente em pacientes imunocomprometidos? O Laboratório de Biotecnologia Aplicada (LBA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) implantou um exame que permite este diagnóstico a partir de imunoensaio, ou seja, um teste imunoenzimático que mede a presença ou concentração de uma pequena molécula em uma solução.
Já disponível no Laboratório de Citometria de Fluxo, pertencente ao LBA, o exame implantado é o Teste de Liberação Interferon-Gama (Interferon Gamma Release Assay – IGRA), recentemente incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Ministério da Saúde, e que pode ser realizado em pessoas que vivem com HIV, crianças que tiveram contato com casos de tuberculose ativa e candidatos a receberem transplante de célula-tronco. “O exame quantifica a resposta imune celular dos linfócitos T, a partir de amostras de sangue periférico, mediante estímulo in vitro a antígenos específicos da bactéria que causa a tuberculose”, aponta a responsável técnica pelo Laboratório de Citometria de Fluxo, Dr.ª Márjorie de Assis Golim.
O HCFMB faz parte, desde maio deste ano, da Rede IGRA, coordenada no Estado de São Paulo pelo Instituto Adolfo Lutz. O Laboratório de Citometria de Fluxo do LBA será ponto executor dos exames IGRA para os municípios pertencentes aos Grupos de Vigilância Epidemiológica (GVEs) de Botucatu, Bauru, Sorocaba e Itapeva, contemplando 118 cidades.
Para Márjorie, o rastreamento da tuberculose latente neste público específico é apontado como estratégia importante para a redução da incidência da fase ativa em pessoas com sistema imunológico comprometido. “As estimativas de distribuição da infecção latente e detectável são de 25% em toda a população mundial. A maior parte dos indivíduos é assintomática; porém, em cerca de 5% dos casos, apesar da resposta imune bloquear de modo eficiente a primoinfecção (primeiro contato a um organismo), as pessoas podem adoecer posteriormente por reativação dos bacilos ou em consequência de uma nova exposição, o que pode prejudicar a qualidade de vida e culminar no aumento da mortalidade. Por isso, este exame auxiliará no tratamento mais efetivo dos pacientes”, encerra.
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