Ao acompanharmos o crescimento de nossos filhos, percebemos que aos poucos eles vão tornando-se adultos, pois vão deixando a dependência dos pais e conquistando uma trajetória própria. Difícil saber o momento em que eles se tornam adultos, embora em nossa imaginação, sempre esperamos que isso nunca venha acontecer. Mas a transição criança-adolescente-adulto é inevitável e deve sempre ocorrer.
Entendo que com o HC tenha acontecido algo parecido. Nascemos e crescemos com nossa FMB e a adolescência veio com a autarquização. E então a pandemia chegou e nos encontrou em plena rebeldia de ideias, dispostos a mudanças profundas como eram e ainda são necessárias e que devem continuar ocorrendo. A expectativa do que iriamos ver e viver, a intensidade do que vimos e ouvimos e o aprendizado de vida que estamos recebendo nos leva agora para a idade adulta. Somos hoje um hospital jovem e ainda cheio de conflitos a serem resolvidos, mas cheio também de capacidade para resolvê-los.
Esta pandemia soberba e covarde, com todos seus eventos tristes e lamentáveis, nos trouxe também um crescimento que será mantido. Nova linha assistencial, novos agrupamentos de profissionais interessados em aprender e exercer deimediato seu aprendizado, novas linhas de pesquisa, a assistência melhorando apesar dos casos positivos cada vez mais frequentes, a segunda onda fatal para muitos amigos queridos, a histórica vacinação em massa… Muito trabalho, mas também muita esperança.
Por fim, esta pandemia que insiste ainda em nos acompanhar, está nos fazendo melhores, mais solidários e nos trazendo um hospital melhor e maior. Entendo que esta pandemia servirá como marco da passagem da adolescência para a idade adulta de um hospital preparado para essa transição.
André Balbi é médico nefrologista, professor associado da Faculdade de Medicina de Botucatu e atual Superintendente do HCFMB.
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