Serviço de Psiquiatria – Abraço acolhedor durante a pandemia

Equipe do HC atende mais de 150 pacientes em adoecimento psíquico

Um dos aspectos importantes apresentados pela pandemia do novo coronavírus que merece especial atenção da comunidade científica é a Saúde Mental. Com a imposição de medidas restritivas de circulação, longos períodos dentro de casa e impossibilidade de atividades sociais festivas, um diagnóstico foi traçado para muitas pessoas – a perda da saúde mental, o que implica em maior ansiedade e diferentes transtornos psíquicos.

Para se ter uma ideia da extensão e gravidade do problema, o Serviço de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), coordenado pela médica psiquiatra Drª. Sumaia Inaty Smaira, atendeu, entre os meses de março de 2020 e agosto de 2021 (até hoje), 169 pacientes em adoecimento psíquico.

O serviço realiza atendimentos multiprofissionais com objetivo de apreender de maneira ampliada as situações de adoecimento. Para isso, possui equipe multiprofissional formada por técnicos de enfermagem, enfermeira, psicóloga, assistente social, terapeuta ocupacional e médicos psiquiatras (quadro fixo). Além disso, tem estagiários de várias especialidades e residentes médicos.

Porta de entrada

Após passar por atendimentos na atenção básica e notando-se a gravidade, o paciente é encaminhado para o Pronto Socorro Adulto (PSA) e, se necessário, efetua-se o direcionamento do paciente para avaliação no Pronto Socorro Referenciado (PSR). A partir daí, são realizados atendimentos para compreender e avaliar a natureza da crise e realizados os manejos sociais/psicológicos/medicamentosos.

Nos casos em que se perceba a importância de compreender em profundidade este adoecimento e com a finalidade de proteger a vida do paciente e dos familiares, assegurando-os o melhor tratamento, existe a possibilidade de encaminhamento do paciente para internação fechada no Serviço de Psiquiatria do HC.

Desafios atuais

A atual pandemia, que impôs a todos diversas dificuldades sociais e de saúde, também demonstrou como as vulnerabilidades atingem o Sistema Único de Saúde (SUS) exigindo de todos os profissionais de saúde, inclusive os que atuam no Serviço de Psiquiatria, cuidar de questões muito complexas e desafiadoras.

“O paciente de saúde mental necessita de cuidados e atenção em todos os contextos, ainda mais concentrados e humanizados nestes tempos, de maneira a proteger as subjetividades e propondo a construção de trajetórias de vida para além de quadros psíquicos ou rótulos”, explica Drª. Ana Maria Tiosso, médica psiquiatra do Serviço.

“Buscamos construir este serviço olhando além do paradigma biomédico, mas como um espaço de cuidado e atenção, em que os afetos, a escuta, o acolhimento, a compreensão e o respeito são também remédios para as dificuldades que quaisquer de nós podem passar. “Este tempo, pleno de desafios, reforça a necessidade de cuidado e atenção nas duas dimensões; conosco e com a coletividade. Este Serviço acredita que esse cuidado e atenção salvam vidas. Executar nosso trabalho com esperança de dias melhores e garra para enfrentar os cenários, nos impele a estimular outros agentes a fazerem o mesmo, acreditando no SUS como parte de um projeto societário emancipador de identidades, cuidando das pessoas como são: únicas e cheias de possibilidades”, finaliza Fernando Luiz dos Santos Nunes da Cruz, assistente social do Serviço.

Equipe do Serviço de Psiquiatria