Dar voz a quem perdeu a voz – HCFMB recebe laringes eletrônicas

Uma das formas mais utilizadas na comunicação entre os seres humanos é a voz. Produzida na laringe pela vibração das pregas vocais, ela pode expressar uma infinidade de emoções, repassar informações e se tornar um instrumento importante de trabalho para muitas profissões.

Porém, quando esta capacidade do ser humano é completamente prejudicada por doenças na região da cabeça e do pescoço, os desafios em relação à interação social e à qualidade de vida começam a se tornar mais frequentes.

Para 11 pacientes do Ambulatório de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), esta situação começou a mudar no início do mês dedicado à voz: na última terça-feira, 2, houve a entrega de laringes eletrônicas, equipamentos portáteis que permitem a retomada da comunicação por quem passou pela laringectomia total, ou seja, pela retirada completa da laringe.

Movido à bateria recarregável, o aparelho amplifica os sons emitidos a partir de uma onda sonora contínua, e a vibração é transmitida por uma voz robótica, formando palavras a partir dos órgãos articuladores (lábios, língua e dentes), sem a necessidade de próteses.

A ação foi realizada a partir da parceria entre os Serviços de Fonoaudiologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HCFMB. Esta foi a segunda entrega destes aparelhos realizada pelo Hospital. Em 2022, as primeiras laringes eletrônicas foram recebidas e disponibilizadas pelo HCFMB a 12 pacientes laringectomizados, depois de um processo de padronização e licitação iniciado no ano anterior.

De acordo com a médica otorrinolaringologista, Cláudia Mendonça Xavier, este momento é importante porque devolve a voz a quem ainda possui muito a falar. “Se ficar afônico eventualmente, por resfriados ou após gritar em um jogo, já traz grande incômodo, imagina perder a fala de forma definitiva por alguma doença. É muito simbólico este momento justamente no mês da conscientização da importância dos cuidados com a voz”.

Uma nova forma de se expressar

José Abel Fernandes veio de Cesário Lange, juntamente com a nora Fernanda, para ouvir as explicações sobre a laringe eletrônica e vivenciar este momento especial, após 2 meses da laringectomia. “Ele estava muito triste por retirar as pregas vocais e não conseguir mais falar, pois se chateava quando tentava esboçar alguma palavra e não era entendido. Por isso, o uso deste aparelho será um grande avanço para meu sogro e para toda a família”.

Diretamente de São Manuel, Vanessa Cassia Gonçalves Machado trouxe a avó Aparecida, laringectomizada desde 2007, para receber o aparelho. “Agradeço a todos os envolvidos nesta ação que beneficiará muito a comunicação da minha avó na vida social, como no mercado ou em uma consulta médica, por exemplo”.

A fonoaudióloga do HCFMB Elaine Lara Mendes Tavares reforçou a importância destas ações e do Grupo de Apoio ao Laringectomizado do HCFMB, conduzido pela Equipe Multiprofissional de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, que auxilia na reabilitação integral do paciente. “O trabalho dessa equipe multiprofissional, composta por médicos, psicólogos e fonoaudiólogos, contribui para a reintegração dos pacientes ao convívio familiar e social, melhorando a qualidade de vida”.