A importância do banco de dados para a gestão hospitalar

Por Leandro de Santi

Por volta de 1800, o uso de cartões perfurados para armazenar informações talvez tenha sido o pontapé inicial desse processo. Porém, por volta da década de 1960 que os primeiros bancos de dados começaram a evoluir, quando por volta de 1976, Dr. Peter Chen propôs um novo modelo, chamado Entidade-Relacionamento, que é utilizado até hoje em grande parte dos bancos de dados.

Em um hospital, a velocidade e qualidade dos dados significa salvar vidas, o fato de todas as informações dos pacientes estarem disponíveis para acesso de seu médico de forma rápida pode fazer muita diferença em um atendimento, no sistema hospitalar é armazenado praticamente toda informação importante relacionada ao paciente, seus diagnósticos de imagem, seus exames laboratoriais, sua evolução, anotações de enfermagem, aferições, descrições cirúrgicas, medicamentos utilizados e todo histórico do seu tratamento, tudo isso está armazenado e pronto para ser consultado de forma rápida e segura.

Imagine que um pesquisador precise fazer um estudo com todos os pacientes que fizeram determinada cirurgia nos últimos 5 anos, desses pacientes precisa relacionar quais medicamentos foram utilizados e todos os resultado de seus exames, para fazer essa pesquisa da maneira antiga em prontuário de papel demoraria meses, mas com um prontuário eletrônico utilizando seu banco de dados esse trabalho pode ser feito em minutos, com uma qualidade muito melhor pois elimina erros de anotação ou digitação que geralmente ocorrem em pesquisa feitas no papel.

Administrativamente a utilização de banco de dados também é de extrema importância, dados de faturamento, estoques, custos e recursos humanos ajudam nas decisões e investimentos, com base nos dados históricos desses setores podemos por exemplo dimensionar melhor os recursos humanos, medicamentos e materiais utilizados no dia a dia, evitando que eles venham a faltar num momento de necessidade.

Também não podemos deixar de citar os avanços nos algoritmos de inteligência artificial, que utilizando aprendizado de máquina, analisam os dados históricos e “aprendem” os padrões de exames e sintomas, conseguindo auxiliar em diagnósticos e detecção de doenças, fazem associação de sintomas e alertam sobre mudanças no quadro dos pacientes, com novos avanços nessas tecnologias será possível ao sistema fazer previsões e sugerir tratamentos.

Estamos enfrentando uma pandemia, Botucatu foi selecionado para participar de uma pesquisa sobre a efetividade da vacina, dados sobre número de casos e a evolução desses casos são fornecidas aos pesquisadores em tempo real, esse é um vírus novo que se tem poucas informações e por isso todo dado é importante, a análise desses dados e o cruzamento dessas auxiliam os cientistas a encontrar respostas sobre a efetividade da vacina, ou de novos tratamentos em um prazo menor de tempo.

Muitos trabalhos acadêmicos e científicos são desenvolvidos utilizando a base de dados do HCFMB, o pesquisador faz sua solicitação à superintendência e depois de revisada e aprovada pelos órgãos responsáveis, ela é enviada ao pesquisador que a utiliza em seu trabalho. Futuramente esses dados são compilados em trabalhos científicos e por muitas vezes acabam publicados em novos bancos de dados de periódicos e sites de pesquisa científica como CAPES, MEDLINE, LILACS, SciELO entre outros, enriquecendo e contribuindo com o trabalho dos profissionais de saúde e ajudando a salvar vidas!

Leandro de Santi é Analista de Sistemas e responsável pelo Núcleo de Apoio e Suporte da Gerência de Tecnologia da Informação (CIMED) do HCFMB